Bem fizeram os servidores públicos em ocupar a Câmara de Cachoeirinha na noite desta terça-feira para lembrar os dois meses da batalha campal de 30 de março, onde grevistas e policiais militares se enfrentaram em frente à 'casa do povo' antes da votação de parte do 'pacotaço de Miki'.
Se é que pode-se chamar batalha um pelotão do Choque avançando contra professoras e outros funcionários públicos municipais.
Sabe-se que IPMs, os inquéritos policial-militares, na maioria das vezes ‘Inocentadores de Policiais Militares’, e mesmo as investigações na Polícia Civil quase sempre se dissipam rapidamente como gás de pimenta.
Mas as cenas, o spray e as borrachadas e cadeiradas, que ganharam o país pela TV e pelas redes sociais, não sairão facilmente das retinas, narinas e do lombo de servidores.
A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa investiga, mas sabemos também que a distância dos fatos esfria as vontades políticas.
Nem policiais e nem servidores que tenham cometido agressões serão punidos.
Mas, resta a quem apanhou, e quem apanha não esquece, lembrar.
Coisa que, às avessas, a Câmara ajuda a fazer, já que há alguns dias até condecorou com medalhas policiais apontados pelos grevistas como envolvidos na batalha campal.
Hoje governo e sindicalistas retomaram o diálogo e tem mais uma reunião do pós-greve na sexta, 16h, para acertar o pagamento do vale-alimentação, cujas alterações do pacote de corte de vantagens foram derrubadas pela justiça.
Mas nada apagará da história de Cachoeirinha a truculenta condução daqueles dias, pelos políticos e pelas autoridades, que poderia ter resultado em uma tragédia.