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OPINIÃO | Menos médicos: mande a coerência para Cuba!

Cartazes avisando da falta de médicos são a nova moda no Brasil

Familiares e assessores do Demétrio Tafras não curtiram muito o comentário que fiz sobre ele, um dos vereadores mais críticos à gestão da saúde pelo governo Marco Alba (MDB), ter aplaudido o adeus aos médicos cubanos de Gravataí.

– Já vão tarde – escreveu em troca de comentários no facebook com o médico, dono de clínica, Alberto Rebelato, talvez fazendo com que Brizola, ícone de seu PDT, sambasse no túmulo.

 

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Inegável é que medo da incoerência o ex-zagueirão do Inter não tem. Apresentou requerimento na sessão da câmara desta quinta pedindo providências ao prefeito para “contratação emergencial de 17 médicos, até solução definitiva do governo federal para repor a saída dos profissionais cubanos que atuavam no município”.

O complemento do texto do requerimento não é fakenews e, como conheço a índole do vereador, muito menos deboche. Prefiro interpretar como uma inocente meia verdade, talvez pilhada pela nova ordem whatsappiana e caça-cliques do Grande Tribunal das Redes Sociais. Infelizmente, e isso é opinião, a parte mais próxima da mentira:

– Para que a população gravataiense não seja prejudicada em virtude de uma atitude unilateral do governo de Cuba.

Que Cuba não resolveu, do nada, chamar os médicos de volta, isso pouco importa para as comunidades pobres que ficarão sem 5 mil atendimentos por mês. Fato, aquele chato que contesta argumento, é que a Morada do Vale, uma cidade dentro de Gravataí, restará sem nenhum médico, se é que isso sensibiliza alguém além de Joões, Marias e Cauãs.

 

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Também vale uma correção ao pedido do vereador. Demétrio talvez não tenha lido artigo do Seguinte: publicado na terça explicando que a prefeitura não pode fazer contratações emergenciais.

Reproduzo:

“(…)

Mas, por que a prefeitura da quarta economia gaúcha não contrata médicos temporariamente, para suprir a emergência enquanto o governo Michel Temer e o futuro governo Jair Bolsonaro resolvem o problema?

Não dá.

A possibilidade de contratação de novos profissionais por meio de contratos emergenciais está proibida por força de um termo de ajustamento de conduta (TAC) assinado entre a prefeitura e o ministério Público.

É coisa que vem ainda do governo Sérgio Stasinski. E que tem como origem a ação movida pelo promotor Daniel Martini, em Gravataí, que levou à condenação de Daniel Bordignon pela contratação de mais de mil funcionários em seus governos.

É o processo que transitou em julgado em 2016 e suspendeu os direitos políticos do ex-prefeito até 29 de setembro de 2020.

E um novo concurso?

Essa já é uma definição do prefeito e do secretário, mas não representa uma ação de curto prazo.

(…)”

 

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O que Marco Alba pode fazer foi chamar sete concursados que estavam na fila. Nada mais resta além de esperar que os profissionais brasileiros aceitem o emprego e façam como os cubanos, ficando acordados oito horas por dia para atender sem ficha, por ordem de chegada e se prestando a sair do ar condicionado para visitar pacientes acamados que não podem sair de casa.

Para aumentar o drama do ‘menos médicos’, o edital do Mais Médicos lançado pelo governo federal foi prorrogado até 7 de dezembro. De seis mil inscrições, para substituir os 9 mil cubanos, só duas mil preenchiam os requisitos.

Nem a vereadora Rosane Bordignon – com 44 mil votos como candidata a prefeita, a maior expressão política do partido de Demétrio, já que o marido e ex-prefeito Daniel não pode votar ou ser votado até 2020 – concordou. Demétrio leu na tribuna texto de Ciro Gomes lamentando o Brasil importar médicos, mas foi corrigido pela professora em sua interpretação de texto, já que o presidenciável pedetista criticava o modelo de medicina brasileiro e não o cubano.

Agora o incrível é que o requerimento foi aprovado por unanimidade, inclusive com os votos da base do governo. Não será surpresa os vereadores governistas juntarem-se a Demétrio e à oposição, na frente de algum posto de saúde, para tirar o corpo fora e explicar para os pacientes sem atendimento que estão pedindo providências.

Ao prefeito e aos pobres que dependem do SUS, cabe resolver “isso que está aí”.

 

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