Juliano Paz foi o encarregado de anunciar a boa nova: os 3.134 servidores do quadro funcional da Prefeitura de Cachoeirinha receberam seus salários antecipadamente nesta quinta-feira, véspera do feriado de Sexta Feira da Paixão.
Número 1 do governo Miki Breier, o secretário de Governança e Gestão também é o candidato a deputado estadual do prefeito.
Com dinheiro no bolso, talvez os servidores estejam menos em guerra com Paz quando ele se desincompatibilizar do cargo na semana que vem para concorrer nas eleições de outubro, conforme exige o calendário eleitoral.
Após um primeiro ano e pouco de governo, com parcelamentos e atrasos de salários, o funcionalismo que era, em sua maioria, eleitor do grupo político que está à frente da Prefeitura há 18 anos, se tornou a principal oposição – inclusive com uma greve que durou dois meses, a maior da história de Cachoeirinha.
– A quitação da folha é uma demonstração concreta de como priorizamos esta questão, pois sempre antecipamos o pagamento quando reunimos as condições para isso – explicou Paz, o principal negociador do governo com os sindicatos, mas como é estratégico na política, quase sempre preservado nos momentos de dar publicamente as más notícias.
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– Ainda enfrentamos graves problemas financeiros, mas estamos trabalhando com rigor para colocar as contas em ordem, pois só assim o governo conseguirá atender às demandas do conjunto da comunidade – alertou o preferido de um Miki que assumiu com um orçamento em cinzas pela ‘GM de Cachoeirinha’, a Souza Cruz, incentivos e incentivos fiscais depois ter abandonado o município em 2013, deixando na fumaça uma perda de receita de R$ 15 milhões em 2015, R$ 31 milhões em 2016 e R$ 35,2 milhões em 2017.
Se as contas públicas ainda são 'prejudiciais a saúde', como advertiria um maço de cigarros, politicamente o horizonte parece se abrir para Paz. Na avaliação de muitos, em 2018 ele seria apenas o ‘eleito’ do prefeito, mas não das urnas, devido à identificação com um governo de poucas ações, amarrado por uma dívida de longo prazo de R$ 100 milhões (boa parte dos antecessores do mesmo PSB, Vicente Pires e José Stédile), com outros R$ 20 milhões que precisam ser pagos para 'para ontem' e que sentiu como cadeiradas de PMs em professores os reflexos do impopular ‘pacotaço de Miki’, apresentado nos primeiros meses de 2017 para reduzir uma folha que consumia seis a cada dez reais da receita.
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Mas Paz ganha apoios dia a dia. Miki reatou politicamente com Anabel Lorenzi (candidata a prefeita de Gravataí nas últimas três eleições com uma média de quase 30 mil votos) e fez reviver um grupo que, orbitando as duas cidades, o ajudou a ser eleito vice-prefeito, vereador, deputado estadual por duas vezes, prefeito e estará na campanha deste ano. Nesta quinta-feira, o vereador de Gravataí Wagner Padilha, o ‘Tô de Olho no Buraco’, também anunciou adesão.
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Em 57 Millôr inventou uma sobre otimismo que dizia que “a vida é se atirar do décimo andar e, ao passar pelo oitavo, constatar: até aqui tudo bem. E ao chegar ao segundo andar refletir: bem, se eu não me machuquei até aqui não é neste pedacinho à toa que eu vou me arrebentar”. Incorrigível otimista, Juliano Paz deve estar confiando como nunca na eleição para a Assembleia Legislativa. Parece forte a rede que se monta para socorrê-lo.
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