Errei.
As mudanças no secretariado serão mais radicais em Cachoeirinha e reforçam não apenas a estratégia de reeleição do prefeito Miki Breier (PSB), mas também do vice-prefeito Maurício Medeiros (MDB).
Na segunda tinha apurado que a chave do cofre mudaria de mãos, mas de Josué Francisco da Silva, o Josão, para Gilson Stuart (PSB). Josão realmente deixa o governo. Está com problemas de saúde. E aí até peço desculpas pela ironia que fiz de que o prefeito, para acomodar aquele que é presidente municipal do partido, teria que achar um deserto para um camelo.
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Gilson vai para a chefia de gabinete de Miki, sinalizando para a consolidação de uma relação que está cada vez mais íntima entre o prefeito e ele, que deve ser uma das apostas do partido na eleição para a câmara de vereadores. No histórico dos socialistas, ascensão semelhante foi experimentada por Vicente Pires, que de chefe de gabinete do prefeito José Stédile foi eleito vereador, presidente da câmara e depois prefeito. É aposta para o futuro.
Tatiana Boazão, histórica socialistas e hoje diretora da Procuradoria Geral, substituirá Gilson na Modernização Administrativa e Gestão de Pessoas.
Juliano Paz, o número 1 do prefeito, retorna para a Governança e Gestão com o mesmo poder que tinha antes, conquistado não apenas pela fidelidade e competência para interligar as secretarias, mas porque ideologicamente e na forma de se portar politicamente é um espelho de Miki, a quem chama – e o foi, nos anos 90 – “professor”.
A grande – e surpreendente – mudança é a ida de Nilo Moraes para a fazenda. Ele ocupou a Governança durante o período eleitoral, na tentativa frustrada de Paz recuperar a cadeira que Miki renunciou na assembleia legislativa para assumir a prefeitura. Homem forte do MDB e muito próximo a Maurício Medeiros, é um sinal de que o governo aposta na reedição da chapa nas eleições de 2020.
É, inclusive, uma aliança que Miki gostaria de estender a Gravataí. A relação com o prefeito Marco Alba (MDB) é de muita proximidade.
A posse será às 11h desta quarta, no gabinete do prefeito.
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Aguardemos as reações de José Stédile, ex-prefeito, presidente estadual do PSB e deputado federal não reeleito, e do ex-prefeito Vicente Pires, cujo grupo, pelo menos neste momento, não aumenta a participação no governo, mesmo com um armistício decretado em conversa com Miki após uma eleição que foi desastrosa para o partido em Cachoeirinha.
Traduzindo: além de Miki, Stédile não tirou ainda a farda para concorrer em 2020. Poderemos ter em Cachoeirinha uma reedição da guerra, iniciada entre Daniel Bordignon e Sérgio Stasinski, que colheu o impeachment de Rita Sanco, seguidos ‘golpes’ das urnas e praticamente extinguiu o PT de Gravataí na última década.
Assim é o momento, já que em política dois anos é eternidade. Isso de ontem foi há muito tempo, como dizia Millôr.
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