coluna do martinelli

OPINIÃO | Querem pegar o azulzinho multador

Ler alguns posts, e principalmente comentários nas redes sociais, boa parte das vezes faz pensar sobre onde foi o acidente na evolução da nossa espécie.

Chama atenção – 302 curtir, amei, haha, uau, triste e grr e 132 comentários – um post em um grande grupo de Facebook onde uma motorista anuncia que vai “quebrar os cornos” de um agente de trânsito em Cachoeirinha.

Nas participações dos – português errado – ‘cidadãos de bem’, incentivos ao bate, quebra, atropela.

A mulher, uma jovem adulta, na foto do perfil com a filhinha sorridente no colo, reclama de ter sido multada em mais de uma oportunidade pelo mesmo azulzinho.

– Pode ter certeza: daqui uns dias vocês vão ver a reportagem de mulher que agride azulzinho em Cachoeirinha – ela avisa, encerrando o post com ícones de bracinhos fazendo muque.

O caso já saiu das timelines para a Delegacia de Polícia e logo estacionará também na Prefeitura, pelo que o Seguinte: apurou.

Três agentes de trânsito registraram ocorrências na 1ª DP relatando as ameaças. Telas printadas estarão no inquérito. E motoristas multados, um deles 15 vezes, estariam se mobilizando para pedir ao prefeito Miki Breier sindicâncias investigando os campeões de autuações.

Um azulzinho com mais de uma década de rua conta que as ameaças são como acordar de manhã. Diárias.

– Parte do treinamento é controlar as emoções, agir com frieza e evitar o pior – resume.

A coisa anda pior porque pecha uma crise que fez a economia capotar com uma polêmica estratégia de blitze quase diárias, que aceleram por dias e horários comerciais, finais de semana e até feriados.

Mas, vamos combinar: nada que justifique tanta grita insana e GPSs ligados aumentando a quilometragem do ódio.

Abstraia esse caso e navegue agora pela sua timeline para fazer o teste do odiômetro.

A pé pela faixa de segurança, olho para todos os lados assustado com essa gente mimada, que quer leis draconianas para frear os outros, enquanto avança a 100 por hora por pequenas e grandes corrupções do cotidiano.

E é assim nos empregos, nas escolas, nos estádios…

Arrisco dizer que se engana quem pensa ser isso um fenômeno moderno. Acredito que com as redes sociais nossos eus apenas aparecem mais ao mundo.

E, imensuráveis vezes, sobre a hashtag ‘orgulho da boçalidade’.

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