Mais da metade do que foi investido para produção da Feira do Livro de Gravataí veio de leis de incentivo à cultura. A prefeitura entrou com R$ 120 mil, empresas trocaram R$ 135 mil por impostos.
Via Lei Rouanet, que a nova ordem whatsappiana transformou em palavrão nas fakenews de mal informados ou de informados do mal.
— Enquanto muitos municípios deixaram de fazer suas feiras, nós resistimos. Seguimos de pé e mantendo a nossa tradição. Porque, diferente do que querem fazer as pessoas acreditarem, cultura não é coisa de preguiçoso. É trabalho e economia. É uma cadeia produtiva, e a Lei Rouanet, como forma de incentivo para que empresas se engajem na causa é muito importante, sim — disse a secretária municipal da cultura, esporte e lazer, Fernanda Fraga, na abertura da feira, semana passada, como o Eduardo Torres contou em detalhes na reportagem “Não subestimem essas mulherzinhas”, publicada pelo Seguinte:.
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Não subestime estas mulherzinhas
Fernanda não é nenhuma ‘petralha’ ou ‘esquerdopata’. Ela é uma das estrelas do DEM de Gravataí, o partido de Evandro Soares, o número 1 de Onyx Lorenzoni, futuro chefe da casa civil do governo de Jair Bolsonaro (PSL). É a vice-presidente do partido.
A programação da feira, que rendeu elogios no meio cultural da aldeia, de canhotos a destros, além de valorizar os artistas locais, surpreendentemente (para os dias de hoje) ficou alheia à Grande Guerra Ideológica Brasileira, ao trazer personalidades como Léia Cassol, Fernanda Takai e Kátia Suman. A ‘polarização’ que se viu foi entre livros, teatro, música e diferentes manifestações culturais, com o foco nas crianças e jovens leitores, como deve ser uma feira do livro de município que se preste a uma ‘cruzada civilizatória’ para que a próxima geração leia mais do que a atual – o que não é nada difícil.
Teve recorde de público: 38 mil passaram pela praça central, no cálculo divulgado nesta segunda pelos organizadores.
“Seja punk, mas não seja burro”, dizia nos anos 80 a música dos gaúchos do Replicantes.
“Seja conservador, mas não seja burro”, daria hoje um bom refrão.
Nem a arte, nem a burrice são monopólios da esquerda ou da direita.
Pelo contrário, em muitos pontos obscuros da ferradura as milícias de um lado ou de outro se encontram.
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