O balanço que está na mesa da diretora-presidente Kelen Copa há pelo menos um mês mostra que em setembro o Ipag Saúde já não deve ter mais dinheiro em caixa para pagar consultas, exames, procedimentos cirúrgicos e internações.
A revelação feita em artigo do Seguinte: nesta segunda assustou servidores. Principalmente os que sabem que a ordem do prefeito Marco Alba é gastar só o que tem. O que significa que a Prefeitura não vai suplementar a verba para além do que já contribui.
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O desequilíbrio financeiro começou quando os altos salários da Prefeitura conseguiram na justiça autorização para deixar o plano, que se tornou deficitário e, ano passado, gastou R$ 3 milhões a mais do que o arrecadado, conforme números apresentados pelo governo.
O descredenciamento da ‘elite’ dos salários acelerou logo após a aprovação em janeiro de 2015 da contribuição de 1% por dependente. Na soma dos descontos de 4,5% para um servidor que ganha o teto, desde 2012 os R$ 18 mil do prefeito, mais o 1% para cada dependente, numa família de quatro filhos, por exemplo, passou a sair mais em conta contratar um plano de saúde privado – e de ponta.
Conforme o estudo que tivemos acesso, a arrecadação mensal, na média de janeiro a junho deste ano, é de R$ 1.595.375,59. A despesa R$ 2.020.536,91. A receita vem do R$ 1,2 milhão das contribuições dos servidores credenciados (4.035 – 2.890 na ativa e 1.145 aposentados) e da Prefeitura, R$ 151,5 mil dos dependentes (4.445) e R$ 185,9 mil da co-participação em procedimentos. A despesa vai em pagamentos a prestadores de serviço.
Para se ter uma idéia da abrangência do Ipag Saúde, a média de consultas mensais, a R$ 60, é de 4.836. A média de exames laboratoriais (um hemograma sai por R$ 9,60) é de 1.265. De alto custo, como ressonâncias a R$ 695, a média é de 158.
A média de procedimentos ambulatoriais e cirúrgicos é de 1.387. As internações – entre R$ 2 mil e R$ 353,6 mil – 40. Pacientes em tratamento quimioterápico são 29, num valor pago até junho de R$ 816,6 mil, em tratamentos que variam de R$ 160 a R$ 24,1 mil.
Pacientes sob cuidados imunológicos são seis, num valor pago de R$ 349,4 mil, em tratamentos entre R$ 200 e R$ 51,2 mil.
O tamanho do plano de saúde dos servidores, além de contar com uma rara cobertura odontológica inclusa, pode ser medido pelos procedimentos mais caros hoje cobertos. O estudo que está na mesa da diretora-presidente mostra cirurgias de revascularização de miocárdio com honorários médicos de R$ 15 mil, e órteses, próteses e materiais especiais de R$ 15 mil a R$ 23 mil. Há também cirurgias bariátricas de R$ 4,4 mil, com órteses, próteses e materiais especiais de R$ 10,5 mil a R$ 15,3 mil. E cirurgias para tratamento de hérnias de disco, com honorários médicos de R$ 1 mil e órteses, próteses e materiais especiais de R$ 16 mil.
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A preocupante situação do Ipag Saúde mexe com o futuro de famílias por atender – crianças e idosos inclusos – 55,5% homens e 44,46% mulheres de carne e osso, para além das estatísticas e gráficos de receita e despesa. Sem falar que gira mais de R$ 20 milhões a cada ano só na contratação de clínicas e serviços médicos privados instalados na cidade. Se quebrar, não parece bom para os funcionários públicos e suas famílias, nem para os prestadores de serviços.
– Como está, vai se extinguir sozinho – o prefeito já alertou em conversa com o colunista, acrescentando que não pretende, pelo menos por enquanto, apresentar lei extinguindo o plano de saúde dos servidores, como poderia, por ser uma lei municipal, e já lhe propôs o secretário da Fazenda Davi Severgnini.
A bom entendedor parece que o caminho será o aumento da contribuição dos servidores e dependentes, num percentual que mantenha vivo o Ipag Saúde.
Ou escolher ficar doente somente até o mês em que houver dinheiro no caixa.