Os bastidores de uma eleição sem surpresa para a Presidência da Câmara. Pelo menos para os milhares de leitores diários do Seguinte:
De surpresa na eleição para a Presidência da Câmara, somente uma curiosa unidade da oposição apenas nos cargos de primeiro e segundo secretário, mas não na indicação dos nomes mais importantes que concorreriam a presidente e vice.
Já a escolha de Nadir Rocha (PMDB) como ‘presidente-prefeito’ e, mais uma vez o ‘camerlengo da Sé vacante’ até as novas eleições – além de Alex Tavares vice-presidente (e, por consequência, presidente interino da Câmara até as eleições), Airton Leal (PV) e Jô da Farmácia como secretários – apenas consolidou uma já conhecida maioria de 12 votos entre os 21 vereadores em torno de Marco Alba (PMDB), conquistada pela reaproximação com o PSDB de Francisco Pinho, até domingo prefeito e vice-prefeito.
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Mentiras sinceras
De olho nos dividendos eleitorais que poderiam vir com o comando da Prefeitura da terceira economia gaúcha, e a caneta para dividir a indicação de quase 300 CCs e possíveis cabos eleitorais, na véspera da votação a oposição ainda buscava dissidências na base do governo.
O primeiro alvo teria sido o PRB, do vereador eleito Fábio Ávila, em uma aposta num suposto descontentamento de Tanrac Saldanha, que trocou uma provável reeleição como vereador para ser candidato a vice de Marco Alba no ‘primeiro turno’ e, no ‘segundo turno’, ficou no ‘ministério do ar’ ao ser preterido por Aureo Tedesco no retorno dos tucanos à base.
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Se o partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus desse graças à traição, o Judas a ser tentado seria Paulinho da Farmácia (PMDB), não Clebes Mendes (PMDB). Vereador mais votado de Gravataí, mas cristão novo no partido, o apadrinhado de Sérgio Zambiasi na aldeia fez ‘cara de Levi’ na foto após perder para Nadir a indicação para sentar por 70 dias na cadeira de prefeito.
Fofocas e whatsapps à parte, ainda no sábado, o Seguinte:, que revelara na quinta a conquista da maioria pelo governo, publicou reportagem onde os governistas assediados confirmavam a fidelidade a Marco e o voto em Nadir.
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Evitando tranqueiras
Mesmo assim, independentemente das ressacas, Marco fez quem estava na praia “evitar a tranqueira na estrada” e ainda reuniu os 12 vereadores da base no domingo, às 10h, para um sim coletivo.
– Não era uma brincadeira ser candidato à Presidência da Câmara. Há uma cidade, da magnitude de Gravataí, sofrendo as consequências desse momento impróprio – como descreveu o próprio Marco, na posse de Nadir.
Às 17h, só risos, ao lado da esposa Patrícia batia palmas na sessão de posse a cada 12 votos de PMDB, PSDB, PRB, PTB, PV, DEM e PV que confirmavam as vitórias, desde o momento em que Evandro Soares (DEM) lançou Nadir.
Articulação desarticulada
– Se tivéssemos conseguido o PRB, o Paulinho da Farmácia vinha com a gente. Na próxima janela pode apostar que ele vai sair do partido – garantia um vereador da oposição, nos bastidores da sessão de posse.
A articulação não seria uma mentira contada com toda sinceridade, na véspera do réveillon, para espalhar o terror no governo que saía e ficou.
Mas resta a suspeita por não ter havido um acordo prévio entre ‘os russos’, como revelou a desarticulação da oposição durante a tarde do domingo.
Primeiro, os partidos com candidatos à Prefeitura nas novas eleições disputaram com nomes próprios as escolhas de presidente e vice. Se a coligação de Marco tinha lançado Nadir presidente e Alex vice, o PDT de Rosane Bordignon apresentou Demétrio Tafras e Alex Peixe, e a aliança PSB-PSD, de Anabel, Bombeiro Batista Martins (PSD).
Depois, em um movimento que, pela expressão na platéia, provocou surpresa até em Bordignon, a coligação de Anabel lançou o pedetista Alex Peixe a primeiro secretário e, em retribuição, viu o socialista Wagner Padilha lançado pelo bloco de última hora como candidato a segundo secretário.
– Veja como um sinal de que uma união das oposições não é impossível – soprou outro parlamentar anti-Marco.
Saberemos na fumaça branca ao fim dos próximos 71 dias.
Enfim, a verdade não só é muito mais incrível do que a ficção como é muito mais difícil de inventar (Millôr).
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