RAFAEL MARTINELLI

Os efeitos da candidatura de Dimas na federação partidária de Bordignon; É dia de DR no lulismo de Gravataí

Bordignon e Dimas na Cãmara de Vereadores de Gravataí, em foto de arquivo

Já repercutiu na federação partidária do lulismo – a de Daniel Bordignon (PT) – a confirmação da candidatura do secretário adjunto dos esportes do governo Eduardo Leite, Dimas Costa (PSD), à Prefeitura de Gravataí, que reportei ontem em Dimas é candidato a Prefeitura de Gravataí; Quem ganha, quem perde, com o fim da ‘interminável fofoca’. E Lenin.

Felipe Benassuly, presidente do PCdoB e da Federação Brasil Esperança (PV-PcdoB-PV), enviou nota após a publicação do artigo, no qual projetei uma disputa entre Dimas, o atual prefeito Luiz Zaffalon (PSDB), os ex-prefeitos Marco Alba (MDB) e Bordignon, além do vereador Thiago De Leon (PDT).

“Estimado Rafael Martinelli, gostaria de lembra-lo que apesar de  colocar o Daniel Bordignon como candidato certo pela Federação Brasil da Esperança esta decisão não está tomada, não informando de maneira verdadeira teus leitores. A Federação Brasil Esperança está na construção da sua tática eleitoral não tendo decidido quem irá representar a mesma no próximo pleito Municipal. É necessário este esclarecimento”, escreve.

Reputo a correção carrega efeitos da confirmação dada por Dimas ao Seguinte: de que se mantém como candidato.

Às 17h desta quinta-feira, a federação tem sua reunião semanal. Benassuly confirma que a aproximação com Dimas é uma das pautas.

– A federação já tirou posição de ampliar o diálogo com partidos, apesar de algumas restrições do PT. A confirmação do Dimas, mesmo sem um anúncio oficial, abre espaço para negociação – disse, lembrando que, no ano passado, Bordignon e o PT já conversaram com Dimas sobre uma aliança; reportei a aproximação em artigos como Bordignon e Dimas prometem ‘piso em cascata’ para o magistério caso cheguem à Prefeitura de Gravataí; A prioridade peremptória.

O espectro de alianças respeita, conforme ele, a base do governo Lula, “sem bolsonarismo”, onde avalia se enquadra o PSD de Dimas.

A federação também agenda conversas com PDT, PSB e PSOL. Com os socialistas do vereador Paulo Silveira, já tem reunião marcada para a próxima segunda-feira.

– Falando pelo PCdoB, defendemos que é preciso ampliar. Divididos não ganharemos a eleição. Por mais críticas que tenhamos às gestões de Marco e Zaffa, há uma percepção de que é um bom governo – diz, citando meu artigo de ontem, Prestação de contas de Zaffa aos vereadores mostra sua principal força na campanha pela reeleição em Gravataí; Assista.

Minha análise sobre a falta de consenso na federação lulista, que além de Bordignon tem como candidaturas lançadas o ex-prefeito Sergio Stasinski e o próprio Benassuly, já publiquei em Bordignon é o melhor para a federação partidária do lulismo em Gravataí.

Escrevi:

“(…)

Para além das platitudes, a Real Politik.

Se o movimento tem qualquer objetivo diferente de formar uma coligação para hoje suportar a candidatura de Bordignon, reputo um erro.

É a ‘ideologia dos números’. No caso, ideologia com números.

Fato é que Dimas Costa (PSD), secretário adjunto dos Esportes do governo Eduardo Leite (PSDB), que foi segundo colocado na eleição de 2020, está mais perto de ser deputado estadual e apoiar a reeleição de Luiz Zaffalon (PSDB) do que concorrer neste 2024.

É Bordignon o candidato com maior densidade eleitoral, o melhor colocado nas pesquisas, no ‘campo lulista’.

Porém, já identifiquei dentro da Federação um movimento para construir a narrativa de que o ex-prefeito não tem condições políticas para ‘unir as esquerdas’.

(…)”.

Sigo hoje.

A análise exige, agora, observar a decisão de Dimas, que ao confirmar a candidatura não vai aderir à coligação pela reeleição de Zaffa.

Em pesquisas que tive acesso em 2023, Dimas e Bordignon aparecem com números próximos. Ao ex-prefeito, mais conhecido, resta maior rejeição.

Dimas repete sempre que não admite ser vice. Por obvio, seria difícil explicar para o chefe Eduardo Leite que, além de não apoiar Zaffa, candidato do PSDB do governador, será vice do PT, que ao lado do PL representa a principal oposição ao governo estadual.

Bordignon – que em 2016, a última eleição que disputou, venceu apesar de não poder assumir devido à suspensão dos direitos políticos – também quer ser candidato a prefeito. Desta vez livre leve e solto, sem nenhuma pendência judicial; leia em TRF4 decide que Bordignon não precisa pagar custo de 200 mil da eleição suplementar de 2017; O ‘Lula Livre Gravataí 2024’.

– Reafirmamos que o candidato do PT é Daniel Bordignon – disse ao Seguinte: a presidente municipal Adelaide Klein, questionada sobre resoluções do seminário organizado pelo partido na última sexta e sábado, na Câmara de Vereadores.

Fato é, insisto, que há evidências de um movimento dentro da federação para sabotar a candidatura de Bordignon, como já analisei nos artigos citados acima e em PV lança Stasinski candidato à Prefeitura de Gravataí; A II Guerra Política ressuscitada e Bordignon sob as sombra das flechas e PCdoB lança Benassuly à Prefeitura de Gravataí; A perigosa narrativa política sobre Bordignon e a incógnita Dimas.

É uma conspiração que agora ganha fôlego, porque traz para a mesa outro candidato com densidade eleitoral: Dimas, que foi segundo colocado na eleição de 2020.

– Dimas é uma candidatura auxiliar de Zaffa – teria dito grão-petista, em reunião da federação, alertando para a possibilidade do ex-vereador abrir negociações com a federação lulista e, chamado mais à frente por Leite para assumir como deputado, desistir da candidatura para apoiar a reeleição do prefeito.

Ao fim, certeza é que a reunião de hoje da federação não será tão amistosa quanto a de semana passada, que reportei em O dia em que Bordignon, Stasinski e Rita se reuniram novamente para fazer política; Os 16 anos da II Guerra Política de Gravataí.

É dia de DR no lulismo de Gravataí.

Inegável é que os indícios são de que, para ser candidato, Bordignon vai precisar se proteger, ou arrisca restar com apenas o PT defendendo seu nome em uma coligação ampliada para além da federação.

Lembrou-me uma do Millôr:

Montaigne me conta: “O vilão – morador da vila – sabendo que o barão mandara prendê-lo, resolveu se defender”. Todo mundo ficou impressionado com a audácia do cara (sobretudo do barão) – um vilão se defender! Pois é assim que se faz – esse cara se transformou no primeiro símbolo dos direitos humanos. Antes disso foi enforcado, naturalmente.

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