opinião

Os monstros e o neto de Lula; o menino é o pai do homem

Antes de seguir, pare tudo e olhe uns segundinhos para foto de Ricardo Stuckert. É um bom espelho de nossas almas.

Vamos aos fatos, os chatos que atrapalham argumentos pré-concebidos, opiniões figadais e o berreiro caça-cliques. Depois comento – enxergue a cada ponto e vírgula um daqueles emojis de vômito – sobre o pior dos mundos que desfilou numa parada da insanidade pelas timelines do Grande Tribunal das Redes Sociais nestas últimas 24 horas.

Para começar, fato é que, apesar das contestações, de desinformados e informados do mal, estava correto o artigo Lula, um presidiário incomum, que publiquei em janeiro no Seguinte:, sustentando a legalidade do ex-presidente participar do velório do irmão, Vavá.

"Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semi-aberto e os presos provisórios poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão”.

Não fui eu, ou algum dos caros advogados de Lula a inventar isso. A saída temporária em casos de morte de parentes próximos está lá, garantida pelo artigo 120 da Lei de Execução Penal.

Na época observei que “o Supremo autorizou o irmão morto e a visitar o irmão vivo”, já que a decisão saiu quando o caixão já descia à cova e restava à família a ‘autorização’ para levar o esquife para um passeio até uma base militar.

Escrevi, lembrando que a ditadura militar tinha permitido ao preso político Luiz Inácio da Silva, vulgo 'Lula', ou 'Taturana', ir ao velório da mãe, dona Lindu:

 

“(…)

Quarenta anos depois, é a ditadura do Judiciário, cuja balança incontestavelmente tem pesado muito mais do meio para o lado esquerdo, que parece debochar dessa família de ex-retirantes nordestinos ao, como descrevi acima, autorizar o irmão morto a visitar o irmão vivo.

Que se esgotados seus recursos, e condenado, Lula cumpra pena. Como um preso comum, que seja, mas não como um presidiário incomum, privado do acesso a garantias constitucionais elementares.

(…)

 

Nesta sexta, Lula foi corretamente autorizado a sair, devidamente escoltado de sua solitária em Curitiba, para sepultar o netinho Arthur, de 7 anos, vítima da meningite não no Albert Einstein, mas no Bartira, um hospital da periferia de Santo André.

Foi senha para tantos que se apresentam como cidadãos de bem, devidamente capitaneados por seus corruptos de estimação, nesse museu de grandes novidades da política nacional, produzirem contra si provas de maldade.

Já tinha alertado que essas arbitrariedades de cima para baixo contaminam as relações. Há muita força nas palavras.

 

“(…)

Mais uma vez, ao arrepio da lei, mesmo que nos estertores do moralismo lava-jatista, se joga para a torcida, se desvia o foco de um governo que é um Brumadinho de 30 dias, e se alimenta a sanha de fanáticos, que talvez só sosseguem quando o pensamento divergente estiver marcado com a Estrela de Judeu, quem sabe substituindo pelo vermelho o fundo amarelo sobre o qual se aplica a estrela de seis pontas.

 (…)”

 

A odienta tuitada de Eduardo Bolsonaro – “isso só deixa o larápio em voga posando de coitado” – é só mais um indício de que a família do ‘mito’ aposta (ou vive mesmo) nessa banalidade do mal que assola os brasileiros. Uma Guerra Ideologica Nacional usada de forma a, já por 60 dias, adiar um logoff das redes sociais para vida real: governar um país com 12 milhões de desempregados.

Na cola do filho 03 monstros se revelaram – seja ele um desses monstros, ou apenas "um cara bom de rede social" como irmão Carluxo que, de forma oportunista, também usa o ódio, a ignorância, o medo e o ‘contra tudo que está aí’ para fazer política.

Fez-me mal ler alguns posts de conhecidos e desconhecidos. Triste imaginar crianças crescendo com essa gente, convivendo nestas famílias – e aí fazer dedinhos de arminha é o de menos quando o ódio mora ao lado. Aos que ainda não perceberam nossa tragédia, repare no que deram os filhos de quem se envolve com milicianos, elogia ditador e homenageia torturador que enfiava ratos na vagina da filha de alguém.

“O menino é o pai do homem”. Machado de Assis.

 

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