crise do coronavírus

Os prints dos prefeituráveis de Gravataí no ’Dia do AI-5 2.0’; os germes de Maiakósvki

No artigo Patéticos e perigosos na porta do quartel; o presidente do meu país é um criminoso tratei dos Grandes Lances dos Piores Momentos do domingo, em que napoleões de hospício, carraters e walkingvelhos pediram por um AI-5 2.0 que poderia levar a uma guerra civil em meio a maior crise sanitária e econômica enfrentada pelo Brasil e o mundo.

Fui conferir se, no pior momento para a democracia desde o fim da ditadura, alguma repercussão houve entre os principais pré-candidatos à Prefeitura de Gravataí.

Siga o que cada um postou, ou não. Para ampliar os prints, clique em cima da imagem.

 

Anabel Lorenzi (PDT) alertou para os "tempos sombrios":

 

Dimas Costa (PSD) preferiu brincar com a ‘polêmica’ das lives de artistas.

 

Luiz Zaffalon (MDB) lembrou de hábito da classe média gaúcha nos anos 80.

 

Jones Martins (MDB) e Claiton Manfro (PL) não postaram nada.

Do prefeito Marco Alba (MDB) e do presidente da subseção de Gravataí da Ordem dos Advogados do Brasil, Deivti Dimitrios, também: o som do silêncio.

Do partido do governo, da redemocratização e de Ulysses Guimarães, aquele que disse “traidor da Constituição é traidor da Pátria”, recebi de Lucas Loeblein nota da juventude do MDB:

 

Associo-me a Luiz Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal nas eleições 2020, para citar o ativista político e Nobel da Paz Martin Luther King:

– Pior do que o grito dos maus é o silêncio dos bons.

Ao fim, dos potenciais prefeituráveis na Gravataí que deu sete a cada 10 votos para o ‘mito’, apenas Anabel não fez cara de Mona Lisa – e muito menos de Sérgio Moro, ministro da Justiça, hoje um rábula presidencial.

Lembrou-me ‘No Caminho com Maiakóvski’, cuja mensagem "talvez meus lábios / calem a verdade / como um foco de germes / capaz de me destruir", e a história, permitem uma analogia perfeita com esses nossos dias.

Os versos do brasileiro Eduardo Alves da Costa foram atribuídos ao poeta russo Vladimir Vladimirovitch Maiakovski. O episódio o tornou famoso, mas criou uma maldição que, 50 anos depois, ainda esconde sua prosa. Depois do golpe militar de 64, o poema passou a ser declamado em protestos como libelo contra a ditadura, supostamente escrito por um vanguardista soviético.

Era obra de um brasileiro, por óbvio também chamado ‘comunista’, por cidadãos de bem e senhorinhas na Marcha da Família com Deus pela Liberdade, a 'carreata da morte' da época.

Siga o poema e, se preferir, assista na declamação do ator Ivan Lima:

 

Assim como a criança

humildemente afaga

a imagem do herói,

assim me aproximo de ti, Maiakósvki.

Não importa o que me possa acontecer

por andar ombro a ombro

com um poeta soviético.

Lendo teus versos,

aprendi a ter coragem.

 

Tu sabes,

conheces melhor do que eu

a velha história.

Na primeira noite eles se aproximam

e roubam uma flor

do nosso jardim.

E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem:

pisam as flores,

matam nosso cão,

e não dizemos nada.

Até que um dia,

o mais frágil deles

entra sozinho e nossa casa,

rouba-nos a luz e,

conhecendo nosso medo,

arranca-nos a voz da garganta.

E já não podemos dizer nada.

 

Nos dias que correm

a ninguém é dado

repousar a cabeça

alheia ao terror.

Os humildes baixam a cerviz:

e nós, que não temos pacto algum

com os senhores do mundo,

por temor nos calamos.

No silêncio de meu quarto

a ousadia me afogueia as faces

e eu fantasio um levante;

mas amanhã,

diante do juiz,

talvez meus lábios

calem a verdade

como um foco de germes

capaz de me destruir.

 

Olho ao redor

e o que vejo

e acabo por repetir

são mentiras.

Mal sabe a criança dizer mãe

e a propaganda lhe destrói a consciência.

A mim, quase me arrastam

pela gola do paletó

à porta do templo

e me pedem que aguarde

até que a Democracia

se digne aparecer no balcão.

Mas eu sei,

porque não estou amedrontado

a ponto de cegar, que ela tem uma espada

a lhe espetar as costelas

e o riso que nos mostra

é uma tênue cortina

lançada sobre os arsenais.

 

Vamos ao campo

e não os vemos ao nosso lado,

no plantio.

Mas no tempo da colheita

lá estão

e acabam por nos roubar

até o último grão de trigo.

Dizem-nos que de nós emana o poder

mas sempre o temos contra nós.

Dizem-nos que é preciso

defender nossos lares,

mas se nos rebelamos contra a opressão

é sobre nós que marcham os soldados.

 

E por temor eu me calo.

Por temor, aceito a condição

de falso democrata

e rotulo meus gestos

com a palavra liberdade,

procurando, num sorriso,

esconder minha dor

diante de meus superiores.

Mas dentro de mim,

com a potência de um milhão de vozes,

o coração grita – MENTIRA!

 

Clique para assistir

 

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