Antes mesmo que o protesto dos motoristas de aplicativos tivesse início em Porto Alegre, na manhã desta segunda (14), em Gravataí, a polícia já trabalhava tentando solucionar mais um casod e violência contra a categoria. No começo da madrugada, um motorista de 21 anos foi atingido por cinco tiros no bairro Rincão da Madalena. Na contagem macabra dos primeiros dias do ano, já são pelo menos seis casos com motoristas de aplicativos mortos ou feridos nas ruas da Região Metropolitana.
Ainda assim, a adesão entre Cachoeirinha e Gravataí à pretendida paralisação de 24 horas da categoria não chegou a afetar o serviço. O Seguinte: testou um chamado para um trecho de aproximadamente três quilômetros, por volta das 10h, em Cachoeirinha, e o preço estava inalterado, com previsão de R$ 7,60 pelo 99 POP. O tempo de resposta para encontrar motoristas também estava normal. Em menos de 30 segundos houve aceitação da corrida.
— Queríamos que todos estivessem parados, porque estamos lutando pelo direito à segurança de todos. Não apenas dos motoristas, mas também dos usuários. O que sabemos é que boa parte dos colegas da região participaram do protesto. Nossa exigência mínima é que os aplicativos atuem com um cadastro realmente detalhado dos passageiros, com foto, número de documento. Não vai acabar com os roubos, mas inibe — afirma Joe Moraes, 54 anos, que é representante da Associação Liga dos Motoristas de Aplicativos do RS (ALMA).
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Ele atua há pouco mais de dois anos nos aplicativos e já sofreu algumas tentativas de roubo. Foi salvo até agora, segundo ele, pela malandragem no momento de reconhecer os perigos.
Por volta das 8h30min, em torno de 100 motoristas partiram do Largo da Epatur, em Porto Alegre, e percorreram em carreata a Loureiro da Silva, o Túnel da Conceição, a Castelo Brando e a Sertório, onde há um escritório da Uber. Depois de uma manifestação neste local, fizeram um segundo roteiro: Sertório, Dona Margarida, Terceira Perimetral, Ipiranga, Borges de Medeiros e Padre Cacique. Lá, ficam os principais escritórios da Uber e do 99 POP.
A intenção dos organizadores do protesto é manter mobilizações ao longo desta segunda. Depois da morte de um motorista no Reveillon, o tema da segurança aos motoristas de aplicativos entrou em debate entre as autoridades da segurança pública. A Polícia Civil estuda a criação de uma delegacia ou, ao menos, uma especalização nas apurações. Além de medidas que afinem a comunicação entre as autoridades e as empresas de aplicativos.
Corrida particular
No caso da última madrugada, o próprio motorista, que está hospitalizado em estado regular, confirmou aos investigadores que fazia uma corrida particular, sem o acionamento do aplicativo. Segundo ele, tratava-se do chamado de um conhecido, que iniciou no Loteamento Auxiliadora e não durou muito. Ainda no Rincão da Madalena, próximo ao cemitério municipal, o passageiro, já identificado pela 1ª DP de Gravataí e agora procurado como suspeito, puxou o freio de mão e disparou contra ele.
De acordo com o delegado Márcio Zachello, duas possibilidades são apuradas neste caso: uma tentativa de execução ou a tentativa de roubar o carro. O veículo não foi levado.
Nesta semana, a Lei do Uber de Gravataí completou um ano. Entre as medidas de segurança previstas na legislação estava o fornecimento, pelas empresas, dos cadastros completos de cada corrida feita no município à prefeitura.
— Seria uma salvaguarda para motorista e passageiro. Mas em Gravataí temos um grave problema, que é comum, dos motoristas atuarem de forma particular, sem acionar o aplicativo. Isso, para nós, é transporte irregular. E, infelizmente, fica fora da alçada do município e das autoridades de segurança — lamenta o secretário o secretário de Mobilidade Urbana, Alison Silva.
O artigo quinto da legislação, que previa aquele compartilhamento de dados, porém, não vai vingar. Depois de se reunir com representantes da Uber e do 99POP, a prefeitura teve respostas negativas sobre a possibilidade de fornecimento dos dados, e o artigo deve cair da lei.