Um incêndio em sua residência de Porto Alegre na madrugada desta quarta-feira (4) tirou a vida de Paulo Fernando Rosa, de 57 anos, o Pai Paulinho do Xoroquê, que tinha tradicional terreiro na Morada do Vale, em Gravataí, e era uma das figuras mais respeitadas das religiões de matriz africana no Rio Grande do Sul.
O trágico evento ocorreu em uma casa de madeira localizada no bairro Higienópolis, na esquina da Avenida Cristóvão Colombo com a Rua Dr. Eduardo Chartier.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, acionado por volta das 3h30min, as chamas tomaram conta da casa rapidamente. No momento do sinistro, quatro pessoas estavam no local. Três conseguiram escapar, sofrendo ferimentos. Pai Paulinho do Xoroquê, no entanto, não conseguiu sair a tempo.
O líder religioso utilizava cadeira de rodas devido a sequelas de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) sofrido anteriormente. Esta condição, conforme indicado pelos bombeiros, teria dificultado severamente sua fuga quando o fogo irrompeu na parte frontal da residência.
As causas exatas do incêndio ainda são desconhecidas e aguardam investigação oficial.
Uma perda para a tradição religiosa
Pai Paulinho do Xoroquê era um renomado babalorixá, como se chamam sacerdotes do candomblé e da umbanda. Sua casa de religião na Morada do Vale, em Gravataí, era considerada uma das mais tradicionais do estado.
Seu terreiro era um ponto de convergência, frequentado também por artistas e políticos de todo o país, e reconhecido por sua importância cultural e espiritual.
Ele também atendia fiéis em Porto Alegre, em um imóvel vizinho à residência incendiada, que não foi atingido.

Cidadão de Gravataí
A relevância de Pai Paulinho era incontestável. Em 2016, recebeu o título de Cidadão Honorário de Gravataí, proposta do vereador Dilamar Soares, que expressou profunda tristeza: “É um amigo. Estava se recuperando bem do AVC. Visitei-o mês passado. É uma tragédia”, lamentou.
O parlamentar destacou o pioneirismo do religioso: “Quando abriu a casa em Gravataí, muita gente fechava as portas. É um precursor do candomblé”.
Dilamar Soares informou que apresentará uma moção de pesar na Câmara Municipal.
A Federação Afro-Umbandista Espiritualista do Rio Grande do Sul (Fauers) emitiu uma nota de pesar em suas redes sociais: “A manhã de quarta-feira amanhece triste. A religião de Matriz Africana perde um dos Babalorixás que fez sua história no Rio Grande do Sul”, dizia o comunicado, refletindo o sentimento de perda que se espalha por terreiros e entre fiéis de todo o estado.