Parem Cachoeirinha que eu quero descer!
Repito: parem Cachoeirinha que eu quero descer!.
De novo: parem Cachoeirinha que eu quero descer!
Alguns vereadores enlouqueceram e querem que o recém eleito presidente da Câmara, Paulinho da Farmácia (PDT), apresente projeto aumentando o número de cadeiras no legislativo municipal.
Nenhum político, ainda, banca a ideia, em on. Só em off. Sob condição de anonimato, apurei que já tem o quórum qualificado necessário: 12 entre 17 vereadores.
Ilegal não é. Imoral, deixo o juízo de valor para você que me lê.
Antes de seguir nas informações, já apelo ao prefeito Cristian Wasem (MDB), para que, mesmo que não deva constitucionalmente interferir em outro poder, aconselhe a base governista a não embarcar nesse deboche com o povo da – como chamo – “Pobre Cachoeirinha!”, parada há pelo menos dois anos por CPIs, tentativas de impeachments e golpeachments, denúncias e cassações, tenham sido por feitos ou malfeitos de seus políticos.
Por que não é ilegal?
Cachoeirinha tem hoje 17 vereadores. Conforme a Emenda Constitucional 58/2009, municípios que tenham entre 120 mil e 160 mil habitantes podem ter até 19 vereadores.
Até, diz a lei. Não é uma obrigatoriedade.
Conforme dados de 2021 do IBGE, a “população estimada” de Cachoeirinha é de 132.144 pessoas.
Por que sou contra?
Não é por permitir aos políticos apenas a presunção de culpa, como no Grande Tribunal das Redes Sociais de Cachoeirinha fazem, a cada véspera de eleição, garotos de programa online, influencers via pix e desinformados, ou informados do mal.
(Dos Grandes Lances dos Piores Momentos é que a maioria, se não todos, apoiarão o projeto que aumenta o número de vereadores).
Comungo da ideia de que os vereadores são a principal representação da comunidade. O legislativo, sob os critérios da proporcionalidade nas urnas, representa 100% dos votos da cidade. Pela minha própria lógica, aumentar o número de vereadores aumentaria a representatividade do povo. Mas reputo Cachoeirinha vive um momento singular. Não é hora de provocar os eleitores no plural.
Ou alguém, que não se sinta beneficiado, ou projete alguma vantagem futura, vai apoiar aumentar o gasto com vereadores, salários, assessores e estrutura funcional em uma cidade em depressão política e onde um tapa-buraco é obra?; Contestem-me.
Inegável é que, mesmo que os vereadores amalucados com esse projeto estejam tomados pelo nobre desejo de aumentar a representatividade do povo na Câmara, criar mais vagas os beneficia diretamente.
Vou trabalhar melhor esses números, de aumento de gastos e de diminuição na necessidade de votos para próxima eleição, mas antecipo um resumo lógico: de 10 votos necessários em 2020 será preciso apenas 8 em 2024. A mesma proporção, aí a maior, custará ao orçamento público.
Ao fim, apelo: não façam isso com Cachoeirinha, vereadores! Não porque vai ser notícia estadual, mas porque é uma vergonha de quintal, mesmo. Não aumentem o ódio à política que nos trouxe a esse momento no qual muitos adorariam defecar na cadeira de algum poder…
E, talvez injustamente, por trazer o prefeito para um debate do legislativo, insisto: Cristian, aconselhe seus vereadores a esquecer isso e focar nos projetos de um governo que, se trabalhar bem, conseguirá liberar R$ 50 milhões em financiamento para obras; Marco Alba, na vizinha Gravataí, conseguiu empréstimo igual e terminou o governo com 80% de aprovação e popularidade.
Antecipo, prefeito: aprovado um projeto criando mais vagas na Câmara, queira o senhor ou não, mas restará ao menos suspeito de ser o chefe de uma ‘República de Vereadores’.
Ou, pior: uma ‘Rainha da Inglaterra’.