opinião

Parem de mentir!; ainda faltam 10 médicos em Gravataí

Meia verdade já é artigo de luxo, quando mesmo a metade mais próxima da mentira é estampada como verdade nas manchetes dos jornais. Mas como embarcaram sem questionar no anúncio do Ministério da Saúde sobre suposto preenchimento das vagas do programa Mais Médicos – que não serve para nada além de marquetagem, propaganda e arma para milícias travarem a Guerra Ideológica Nacional no Grande Tribunal das Redes Sociais?

Incrível, mas o 'Menos Médicos' é um dos assuntos que, quando escrevo, mais incomoda alguns leitores. Para muitos, não parece grave que três meses e menos 15 mil atendimentos depois ainda faltem 10 médicos na periferia de Gravataí após a ‘alforria dos escravos cubanos’.

Já tinha denunciado mentira semelhante divulgada pelo governo Michel Temer, no artigo Médicos não querem trabalhar na periferia de Gravataí, publicado pelo Seguinte: em 3 de janeiro:

 

“(…)

Fakenews foi o anúncio ufanista feito pelo governo federal em dezembro, dando conta de que tinham sido preenchidas 98% das 8.517 vagas distribuídas por 2.824 municípios e 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) no País. Números desta semana mostram que pelo menos três em cada 10 médicos inscritos não se apresentaram às prefeituras e abriram mão das vagas.

(…)”

 

Nesta semana, o governo federal ‘informou’ que as 8.517 vagas foram preenchidas. No Rio Grande do Sul, 630 postos de trabalho teriam sido preenchidos. Sites nacionais e estaduais publicaram como fato. Se alguém contextualizou, perdi.

É mentira dizer que a coisa está resolvida!

A verdade é que isso não passa de um preenchimento de dados no site do Mais Médicos por Apolos, Esculápios, Hígias, Panacea ou Silvas formados em medicina. Os profissionais ainda poderão desistir das vagas. E vão: anote. O exemplo da atrativa Gravataí (pelo menos suponho em relação a grotões do nordeste), quarta economia gaúcha e a poucos quilômetros de Porto Alegre, me autoriza a dar certeza.

Vamos aos fatos, aqueles chatos que atrapalham argumentos pré-concebidos – o que apresento por dever jornalístico, não por prazer em ser portador de más notícias, secar governo ou pobre.  

Nada mudou no ‘Mais Médicos’ em 2019, como relatei no artigo Em Gravataí é ‘menos médicos’; faltam 10 em bairros pobres. Nesta sexta liguei para o secretário da Saúde Jean Torman, que lamentou que nenhum outro médico apresentou-se à Prefeitura para trabalhar.

Para piorar, após chamamento do prefeito Marco Alba (MDB), apenas três concursados aceitaram assumir as funções.

Um dos poucos que procuraram a Prefeitura exigiu trabalhar no Centro, para compatibilizar os horários com o consultório e o hospital Dom João Becker. Ao saber que a vaga era para a USF Águas Claras, que estava sem médicos após a saída de duas cubanas, abriu mão da nomeação.

Outros avaliam que não compensa cumprir as mesmas 40h do Mais Médicos – acordados e com biometria na entrada e saída – e receber salários semelhantes aos R$ 15 mil do programa federal, que garante também auxílios moradia e alimentação.

Para não dizer que nada está fazendo, a Prefeitura de Gravataí, impedida de fazer contratações emergenciais devido a um termo de conduta proposto pelo Ministério Público, prepara edital para contratar empresa para promover novo concurso no mês de março.

Entendeu? Os médicos não querem trabalhar na periferia de Gravataí.

Que o Ministério da Saúde pelo menos pare com suas verdades múltiplas às Marias, aos Joões, aos Cauãs e Anushas, que já sofrem com a falta dos 10 médicos em Gravataí e restam quietos, sabedores de que se pudessem ir a Brasília reclamar, não passariam da porta do Palácio do Planalto de abrigo, camiseta de clube falsificada e chinelo com dedão de fora.

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