DAS URNAS #15 | Presidente do PSL de Gravataí contesta artigo, vai para o front e avisa que não vai entregar a joia da coroa do bolsonarismo. Nos links relacionados em meio ao artigo, você encontra mais detalhes
Paulo Cruz está fardado na trincheira da guerra de coturnos pelo comando do PSL. Ao estilo de Jair Bolsonaro, às caneladas, o atual presidente municipal reagiu ao artigo publicado nesta terça pelo Seguinte:, que relatava a aproximação com o advogado Cláudio Ávila e a disputa com o empresário Vilmar Matos pela jóia da coroa do bolsonarismo na Gravataí onde sete a cada dez votos foram para o ‘mito’.
– Peguei o partido há quatro meses, quando não existia e ninguém queria. Não vou entregar agora que estamos gigantes – resume o empresário do ramo de construção e importações, que aceita a caracterização de alien da política local.
– Se ser um alien neste meio é não viver da política, sou um alien. Montamos um partido com pessoas que não dependem de dinheiro público para se manter. Por isso não aceito politicagem. Há coisa mais velha na política do que, após todo sacrifício para construir um partido, apostar em alguém só porque tem visibilidade política na cidade? Ouvi isso do ‘homem do Onyx’. Mas, pergunto: o Bolsonaro tinha visibilidade, quando se lançou candidato há quatro anos? – argumenta, referindo-se ao vereador Evandro Soares (DEM), número 1 do futuro ministro-chefe da casa civil Onyx Lorenzoni.
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Cruz não esconde a indisposição com Vilmar Matos, também organizador de carreatas e manifestações pró-Bolsonaro durante a campanha.
– Ia passar a presidência para o Vilmar, mas os amigos que trouxe para o partido me pediram para continuar, porque com ele não havia diálogo. É ele manda e você obedece – explica, contando ter adiado uma viagem de trabalho aos Estados Unidos para barrar articulações para destituí-lo.
– Também não pegou bem a entrevista do Vilmar (para o Seguinte:) aparecendo como a voz do Bolsonaro em Gravataí. Só porque subiu num caminhão para gritar quatro, cinco jargões? E falar em ‘missão de Deus’? Para mim é uma missão do povo – contesta, apesar de ser fiel da Igreja Batista e criado na Assembleia de Deus.
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Cruz aposta nas relações com a presidente estadual Carmen Flores e com os deputados eleitos Nereu Crispim, Ruy Irigarai e Tenente Coronel Zucco, que fizeram votações surpreendentes na cidade onde talvez só tenham passado ao dirigir para o litoral pela freeway.
– Fui um dos incentivadores da candidatura do Nereu, que é meu amigo. Dos votos que o elegeram deputado federal, foram 2.182 em urnas de Gravataí. Para deputado estadual, o Irigaray fez 3.916 e o Zucco 5.440. Não foi por acaso.
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Já a relação com Cláudio Ávila é de amizade. E de negócios, conforme o empresário.
– Nos conhecemos tomando um chope no Deck Lounge Pub. Construo casas de alto padrão e estou fazendo a dele na Paragem Verdes Campos. Fomos ao Rio a passeio, não tem nada de política – explica, sobre o encontro aos pés do Cristo Redentor, noticiado no artigo de ontem.
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Sobre o futuro, Cruz não nega a possibilidade de concorrer a prefeito.
– A vereador, nem me pagando. Já a prefeito, quem sabe. Tenho trabalho com orfanatos, com crianças carentes, com recuperação de drogados, mas não fico postando no facebook. E, fruto do meu trabalho, viajei o mundo, conheço mais de 30 países, e vejo coisas lá fora que não entendo porque não são feitas aqui. Acredito que a política precisa de gente nova. Até 2020 tem muito tempo, mas o partido do presidente da república terá nominata completa de candidatos a vereador e, sim, candidato a prefeito – avisa o jovem de 32 anos, que é filho de Daniel Cruz, funcionário da prefeitura por três décadas e conhecido cabo eleitoral do falecido ex-prefeito Abílio dos Santos.
– Não falo mal da pessoa de ninguém. Mas critico erros do prefeito Marco Alba, do governador José Ivo Sartori e do presidente Michel Temer. Farei o mesmo com Bolsonaro, caso ele pise na bola. É preciso ética com o povo, não ficar defendendo o indefensável só porque está em um partido. As urnas mostraram isso para quem quiser ver.
O jeitão de Cruz mostra que é assim a nova ordem da (anti)política. Na lata, mesmo que se construa um muro – não o do Trump, mas o que deixa do outro lado a diplomacia.
Haja canelas nessa guerra dos coturnos!
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