Políticos – a deputada estadual de Gravataí Patrícia Alba (MDB) entre eles – e lideranças empresariais ligados ao Movimento RS 118 Sem Pedágio apresentaram ao governo Eduardo Leite proposta de destinação de R$ 3 milhões em emendas parlamentares para elaboração de um projeto de duplicação dos 16 quilômetros restantes da ERS-118, entre o entroncamento com a Freeway em Gravataí e o acesso à ERS-040, em Viamão.
Em uma série de artigos sobre a ameaça do pedágio no trecho urbano – como Governo Leite confirma projeção de ‘pedágio gourmet’ em bloco onde estão ERS-118 e ERS-020 de Gravataí; O advogado do diabo ; Free flow: cancelas abertas para ‘pedágio gourmet’ na ERS-118 e 020; As forças de Gravataí, o agora, o depois e o advogado do diabo ; Audiência pública: ninguém quer pedágio e Leite é “mentiroso”. Ok, mas o que fazer da ERS-118?; O advogado do diabo e Deputada de Gravataí Patrícia Alba reforça contrariedade a pedágio na ERS-118, ‘gourmet’ ou não; O advogado do diabo – cobro a apresentação de soluções daqueles que fazem oposição à privatização da rodovia, para além das críticas à verdade múltipla do governador que disse na campanha que não pedagiaria, mas incluiu a rodovia em estudos do plano de parcerias-público privadas.
Inegável é que o movimento desta sexta-feira oferece uma alternativa. Se não para manutenção da rodovia, para a duplicação do trecho restante.
Reputo há, porém, uma distância maior que 16 quilômetros entre o sonho e a realidade.
Explico.
Antes vamos às informações.
A proposta do custeio por emendas parlamentares foi apresentada ao presidente do Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (DAER), Luciano Faustino da Silva, por Patrícia Alba; o deputado de Viamão Capitão Martim (Republicanos) e a líder da bancada gaúcha na Câmara dos Deputados, Any Ortiz (Cidadania).
Também participaram da reunião em Porto Alegre o vice-presidente de Integração da Federasul, Rafael Goelzer; o coordenador do RS 118 Sem Pedágio, Darcy Zottis e o presidente da Associação Comercial de Alvorada, Maurício Cardoso.
Conforme nota do movimento, “os valores do projeto serão oriundos de emendas parlamentares, sem necessidade de investimentos do governo do RS. O dinheiro necessário para a execução da duplicação também será fruto de emendas”.
Ainda conforme a nota, o grupo quer se reunir até o fim de fevereiro com o secretário de Transportes e Logística do Estado, Juvir Costella “para definir o fluxo de trabalho”.
– Desde o início da proposição de instalação de pedágio na RS-118, nos posicionamos de forma contrária e fizemos vários movimentos para impedir o pedágio, e, agora apresentamos uma alternativa concreta e viável, não só dizendo o que não pode acontecer, mas também dando soluções e indicando caminhos – disse Patrícia Alba, que, assim como os demais, sempre se mostrou contrária ao pedágio.
– A 118 é urbana, pendular, usada para trajetos curtos, e integradora para 6 municípios da região, dentre estes Alvorada e Viamão, região mais pobre do Estado, que seria penalizada pela fuga de investimentos e das poucas empresas já instaladas. Os investimentos, empregos, renda e impostos gerados ao longo da 118 serão muito superiores aos valores investidos para ampliação e manutenção na rodovia – disse o coordenador do RS Sem Pedágio, Darcy Zottis.
– A proposição que colocamos na mesa junto ao DAER é uma ótima saída para solucionar o tema da RS118, um pleito das comunidades, empreendedores, entidades de classe e prefeituras há muitos anos. O próximo passo é captar o valor para viabilizarmos a obra de duplicação via emendas da bancada federal – disse o dirigente da Federasul Rafael Goelzer.
Vamos agora à análise; mais uma vez como ‘advogado do diabo’.
Reputo há uma distância entre o sonho e a realidade porque o custo dos 21 quilômetros já duplicados tinha orçamento inicial de R$ 70 milhões, apesar de, pelos escandalosos 20 anos pelos quais se arrastaram as obras, ter consumido 400 MILHÕES!.
Significa que para duplicar os 16 quilômetros restantes seria preciso captar pelo menos R$ 50 milhões em emendas parlamentares ao longo das obras.
Para efeitos de comparação, a bancada federal gaúcha indicou no Orçamento-Geral da União para 2024 cerca de R$ 300 milhões para 17 prioridades.
Sou eu o chato, ou é uma complicada engenharia política mobilizar 33 deputados, parte do interior do Estado, para captar R$ 50 milhões para duplicar um trecho ‘marginal’ da rodovia?
Inegável é, porém, que o movimento de sexta-feira tem força política no combate contra o ‘pedágio gourmet’ que o governo Leite vai sim propor para a 118 – não só para duplicar o trecho que falta, mas, principalmente, sob argumento de que o DAER não tem orçamento para manutenção da rodovia.
Pressiona o governador a deixar claro para a sociedade se o pedágio é ou não sua convicção.
Ao fim, resta apresentada uma alternativa, para pelo menos parte do problema: a conclusão da duplicação.
Mais próxima do sonho que da realidade, mas positiva para o debate sobre a ‘privatização à brasileira’ da ERS-118: aquela que após R$ 400 milhões em investimentos públicos na duplicação – e, agora, mais a elevada em Gravataí, de R$ 27 milhões, e a iluminação completa, por R$ 20 milhões –, entrega a rodovia para exploração pela iniciativa privada.
Uma resposta
Sinceramente, se o governo gastou 450 milhões para duplicar a rodovia, se vai entregar para a iniciativa privada por 10 anos, então faz um arrendamento, R$ 45.000
000,00 por ano entregue ao governo e não se fala mais nisso, porque mesmo fazendo toda a manutenção com certeza a concessionária vai ter um bom lucro, porque o dinheiro para duplicar a rodovia saiu do bolso do cidadão, então o cidadão também é dono da rodovia