O prefeito de Gravataí Luiz Zaffalon participou da pressão da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) em Brasília para que o governo federal aporte recursos ao transporte público das grandes cidades. É mais uma alternativa para desarmar a ‘pauta-bomba da Sogil’, que país afora muda apenas o nome da concessionária que explora o serviço.
– Brasília precisa ajudar – disse Zaffa, ao Seguinte:, na noite da quarta-feira após um dia de reuniões e audiências em Brasília no “Dia D” de mobilização que levou a reivindicação também aos presidentes da Câmara Federal e do Senado, junto a outros pleitos como o uso até 2023 do saldo dos 25% da educação não usados com as escolas fechadas durante a pandemia.
Em Gravataí, Zaffa já conseguiu em março autorização da Câmara para indenizar em R$ 5 milhões perdas da Sogil com a pandemia em 2020 e reequilibrar o contrato em 2021 comprando passagens, além de aguardar aprovação dos vereadores para criar o ‘SUS do transporte coletivo’, com novo aporte de R$ 3,6 milhões bancando as gratuidades para reduzir a tarifa de R$ 4,80 para R$ 3,80.
Detalho a operação, que se restringe às linhas municipais, os ‘ônibus branquinhos’, em artigos como R$ 3,80 em janeiro: Zaffa anuncia tarifa mais baixa da região metropolitana; ’Desafio apresentarem solução sem subsídio’ à Sogil.
No Estado, o governador Eduardo Leite espera aprovação da Assembleia Legislativa para um socorro de cerca R$ 90 milhões para o transporte intermunicipal, como tratei em ’Pauta-bomba da Sogil’: Leite propõe auxílio emergencial de 90 milhões para transporte intermunicipal; Amarga em Gravataí o doce sabor de ser oposição.
Do governo federal não veio auxílio algum. Socorro aprovado pelo Congresso Nacional em 2020 foi vetado pelo presidente Jair Bolsonaro, cortando cerca de R$ 10 milhões de Gravataí.
O prefeito de Curitiba, Rafael Greca, porta-voz da comitiva de mais de 80 governantes, alertou que a solução para a crise no transporte público passa pelo subsídio ao setor por parte do governo federal.
– No mundo inteiro, de Pequim a Berlim, de São Paulo a Bombaim, existe o subsídio do governo central ao transporte público. Os Estados Unidos e a Inglaterra também aportaram recursos no transporte público neste ano. É um efeito atenuador da pandemia e provocador da retomada econômica – disse.
Os números apresentados pelos prefeitos são os mesmos de Gravataí e da Região Metropolitana: queda de quase 8 a cada 10 passageiros a partir de março de 2020, na ‘tempestade perfeita’ da uberização, pandemia e crise econômica, além da explosão do preço do diesel em 65% em 2021.
– Em Curitiba o transporte custa R$ 4,50 e é totalmente integrado a nove cidades vizinhas. A tarifa técnica, que no começo da pandemia era de R$ 5,65, este mês já é de R$ 7,15. Não é possível colocar o transporte com uma passagem custando R$ 7. É inaceitável. Não suportaremos mais um ano e não podemos aumentar a passagem a custo real. Nosso compromisso é com os cidadãos – disse Greca, informando aporte da Prefeitura de R$ 190 milhões em 2020 e R$ 160 milhões em 2021, além de subsídio de R$ 40 milhões do governo estadual para a integração metropolitana.
Em Gravataí o ex-prefeito Marco Alba congelou as passagens em 2019 e 2020, e Zaffa manteve o mesmo valor de R$ 4,80 em 2021, com a projeção de baixar pelo menos R$ 1 com o ‘SUS do transporte’, que usa recursos de royalties do petróleo, como tratei em Zaffa garante ’dinheiro novo’ para Gravataí ter tarifa mais barata da região metropolitana; Conta de 2021 com a Sogil está zerada.
A tarifa técnica, que seria o custo real da passagem, também chega aos 7. O custo do socorro municipal, somando 2021 e 2022, se aproximará dos R$ 9 milhões.
– Sem aporte do governo o cenário é sombrio: alta dos preços do petróleo, carestia da população e inflação generalizada, além dos reajustes salariais das equipes que trabalham no transporte coletivo das grandes cidades e das capitais, o que impacta nos custos do sistema – alerta o prefeito.
– Caminhamos para algo parecido com 2013, quando houve a reivindicação ‘não é apenas vinte centavos’, em que o país inteiro viveu uma convulsão social.
Ao fim, enquanto comerciantes quebram e só aumenta a fila do osso, é impopular – e nauseante até – socorrer com recursos públicos empresas que já faturaram bilhões explorando o transporte coletivo. Mas o uso do ônibus a tarifas acessíveis é um direito constitucional e não uma escolha, mas uma necessidade das pessoas mais pobres.
Insisto, como em ’SUS do transporte público’ vai garantir tarifas mais baratas em Gravataí; Como Zaffa desarma a ’pauta-bomba’ da Sogil e outros artigos: é egoísmo, ou infantilidade, dizer ‘deixa aumentar a passagem que vou de uber’.
É a periferia quem usa e paga o sistema.
Acorda, Bolsonaro!
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