Ontem reportei que partidos de oposição do campo de centro-esquerda se reuniriam na sede petista nesta quinta-feira, em Gravataí. O PDT não foi.
No artigo Partidos de esquerda vão se reunir na ‘casa’ de Bordignon; Nem Lula, nem Bolsonaro: o ‘Grande Eleitor’ de Gravataí, escrevi: “(…) De Leon, a grande surpresa da eleição de 2022 com mais de 16 mil votos para deputado estadual, é ainda a incógnita (…) Inegável é que eventuais ausências na reunião desta quarta-feira gritarão mais que as presenças. Assim é a política”.
Gritou a ausência do partido de Thiago De Leon.
Pedi a ele uma posição do partido que preside no município. O vereador enviou ao Seguinte:, como “posicionamento da executiva municipal”, a nota: “O PDT tem como enfoque a construção da campanha majoritária representada pelo Vereador Thiago De Leon. Entende-se que, por parte da Federação, ainda não há espaço para construções que não versem exclusivamente sobre o nome do ex-prefeito do PT como cabeça de chapa. Desta forma, o PDT segue na construção do seu próprio espaço político”.
Já os partidos que participaram, PT, PV e PCdoB, da Federação Brasil da Esperança, e o PSB e o PSOL, enviaram nota conjunta ao Seguinte:. Batizaram-se de “Bloco de Oposição Municipal – BOM”.
Reproduzo e, abaixo, sigo.
“(…)
Ontem (24) à noite, na sede do PT, estiveram reunidos os partidos do campo democrático e popular de Gravataí: PT, PSB, PV, PCdoB e PSOL, para a construção de um projeto inovador e que traga mudanças reais para melhorar a vida das pessoas, principalmente aquelas que mais precisam do poder público em nossa cidade.
O PT, PSB, PV, PC do B e PSOL estão unidos em defesa da Democracia e do governo Lula, que está promovendo grandes mudanças na área social, no desenvolvimento econômico e demais áreas do governo federal. Governo que vem melhorando a vida de muitos brasileiros e brasileiras. Neste contexto, os nossos partidos em Gravataí começam a construir um grande projeto de mudança. Queremos que esta mudança tenha a contribuição de muitos gravataienses. Em breve, apresentaremos a toda nossa cidade uma alternativa política viável que trará propostas de transformação há muito tempo esperadas pelo povo gravataiense.
Aprovamos também a constituição de um Bloco de Oposição na Câmara Municipal – BOM, que contará com o PSB, PSOL e a Federação Brasil da Esperança (PT, PV e PCdoB).
Estiveram presentes nesta reunião os presidentes municipais e diversos dirigentes partidários, além do vereador Paulo Silveira (PSB) e os pré-candidatos a prefeito Daniel Bordignon (PT) e Diego da Veiga Lima (PSB).
(…)”
Sigo eu.
Salvo melhor juízo, na nota o PDT mostra descontentamento com a federação lulista (PT-PV-PCdoB) ter definido Bordignon como candidato.
Poupa o PSB, partido com o qual os pedetistas têm um bloco parlamentar na Câmara de Vereadores, hoje resumido a Paulo Silveira (PSB) e Thiago De Leon (PDT).
Mesmo que o encontro não fosse uma confirmação de adesão à candidatura de Bordignon, reputo os pedetistas optaram pela preservação. Podem ter projetado que, tivessem participado, a manchete deste artigo não tivesse o “não”, mesmo que o convite para reunião também respeitasse a candidatura de De Leon, e também de Diego da Veiga Lima, pelo PSB, como reportei no artigo de ontem.
Parece-me obvio que temeram sair do encontro como parte da ‘coligação do Bordignon’.
– O PDT avisou que não participaria, mas disse estar aberto para futuros convites –disse ao Seguinte: fonte que estava lá e ainda acredita numa frente ampla de oposição que reúna os partidos de esquerda.
Pelo simbolismo para o campo político, a participação do PSOL, de Tamires Paveglio, que concorreu à Prefeitura em 2020, foi comemorada pelos canhotos.
Hoje, amanhecida a reunião, o vereador Paulo Silveira (PSB), principal oposição ao governo Luiz Zaffalon (PSDB) na Câmara, postou caminhada feita no fim de semana ao lado de Bordignon na Morada do Vale. Clique aqui para assistir.
Ao fim, pelo tom das notas, e pelo que apurei nos bastidores, a frente ampla, que quer sim Bordignon como candidato, por ser o único com potenciais chances de eleição, também quer o PDT na coligação, mas não pressiona De Leon para não perdê-lo.
É notório que há pedetistas que defendem o vereador como vice do ex-prefeito Marco Alba (MDB), em uma guinada ideológica semelhante à aproximação que descrevo como ‘fofoca interminável’ entre Dimas Costa (PSD) e Zaffa.
– Por que a esquerda de Gravataí não oferta a De Leon o apoio como candidato a deputado estadual em 2026 e resolve a coisa? – instigou-me fã de De Leon, feliz com sua ausência.
Este pragmatismo do eleitor, sobre o espaço político que será reservado a cada um, e que pode nem ser a exigência de De Leon, também desafia a frente ampla, não tenho dúvidas.
Do próprio Bordignon já ouvi inúmeras vezes o conceito sobre um ‘Partido Histórico’, popular, das esquerdas, que, se bem compreendi, em sua versão moderna esteve ontem reunido, com a ausência do PDT.
Ao fim, para responder aos leitores que podem estar se perguntando: “Tá, depois dessa enrolação, De Leon estará ou não com Bordignon?”
Não sei. De Leon é uma esfinge de 28 anos.
Uma resposta
Caro Martinelli!
A reunião de ontem contou com a presença expressiva de dirigentes municipais e estaduais de partidos do nosso campo político. A sua porção só não foi maior do que a dimensão que ela produziu. Foi um momento histórico que reservou simbolismos ímpares e tão auspiciosos quanto uma boa-nova. O próximo período eleitoral, e os reflexos que dele decorrem, não serão determinados pela unanimidade de uma única face do sólido. Mas é o lado que dá sentido ao caminho. Ontem consolidamos a face das nossas convergências. E, sem afetação e premonições, essa eleição reserva estes aspectos fundamentais e um caráter que pode ser considerado plebiscitário.