Após a ‘semana nada santa’ na relação entre os dois, Luiz Zaffalon (MDB) convidou Marco Alba (MDB) para assinar junto as autorizações de início de asfaltamento da rua Pero Vaz de Caminha, na Santa Cruz, e da Estrada Geral do Morro Agudo, neste sábado e domingo, como já tinha feito na obra entre a Porto Alegre e a São Paulo; e reportei em A Felicidade que reuniu Zaffa e Marco Alba.
Para quem não acompanhou a polêmica, a fofoca sobre um afastamento entre prefeito e ex-prefeito foi desvelada na demissão da secretária da Educação e de seu adjunto, ligados a Marco; reportei em Luiz Zaffalon (MDB) e seu ‘Grande Eleitor’, o ex-prefeito Marco Alba (MDB), o que tratei nos artigos Zaffa demite secretária e principal gestor da Educação de Gravataí desde o governo Marco Alba; O que interessa aos políticos é ‘Jack Lemmon e Walter Matthau’ e Crise na Educação de Gravataí: Após demissão de secretária e principal diretor, Fernanda Fraga é nomeada interina; A Terça-Feira Santa de Zaffa e Marco Alba.
Piorou com um episódio na inauguração do Parque de Eventos, quando Zaffa, que, em seu ‘sincericídio’ habitual, já comunicou a intenção de concorrer à reeleição, disse em discurso que, em seu “próximo governo” mandaria fazer “uma estátua” para seu ‘Grande Eleitor’ de 2020.
Acontece que o MDB, que, ao menos desde sempre, esteve sob o controle de Marco – que não diz sim ou não sobre uma candidatura à Prefeitura –, ainda não deflagrou o processo sucessório e só vai pautar nomes em março; após a janela de transferências partidárias, obviamente esperando por algum movimento radical de Zaffa, como sair do partido.
O vice-prefeito Dr. Levi Melo (sem partido) – cujos movimento de filiação também são acompanhados pelo meio político, seja teoria da conspiração ou não, como uma prévia do comportamento de Zaffa – também acompanhou as duas cerimônias.
O presidente do MDB, vereador Alan Vieira, que da tribuna da Câmara, nas sessões de terça e quinta-feira, negou qualquer possibilidade de racha entre Zaffa e Marco, também participou das assinaturas.
Fato é que a relação entre Zaffa e Marco pauta a eleição de 2024; pode, inclusive, motivar ou desmotivar candidaturas adversárias.
Ainda em dezembro, em As ‘chaves da cidade’ nas mãos de Zaffa e Marco Alba em Gravataí; A sucessão, analisei, serve valendo e, por óbvio, é da política, com expectativas, tensões e teorias conspiratórias crescendo na mesma proporção com que se aproxima a eleição.
Reproduzo e, abaixo, concluo.
A sucessão está nas mãos – cérebro, coração e fígado – do grupo que governa Gravataí por uma década. Reputo o favoritismo só não se confirma até 2024 caso o prefeito Luiz Zaffalon (MDB) e o ex-prefeito Marco Alba (MDB) sejam acometidos pelo ‘efeito partido-partido’.
‘Partido-partido’ foi manchete de minha coluna do CG em noite de 2008, de agressões, pé na porta da sede e arma sacada, na qual Daniel Bordignon venceu prévia de Sérgio Stasinski e o PT mostrou a ‘Falha de San Andreas’ que rachava o partido desde que o ex-prefeito decidiu ser ele o candidato, barrando a reeleição do então prefeito.
Não consta nenhuma clivagem insuperável entre Zaffa e seu ‘Grande Eleitor’, Marco Alba. Inevitável foi dúvidas surgirem após o prefeito manifestar desejo de concorrer à reeleição – o que faz por duas vezes, antes de ser perguntado, e perguntado, em SEGUINTE TV | 1h com Zaffa: prefeito faz balanço do governo e fala sobre polêmicas; “Sou candidato natural a reeleição. Todo mundo me pergunta”.
É obviamente justa a intenção de Zaffa, que faz um bom governo, com projeção de R$ 200 milhões em obras, o maior investimento da história de Gravataí; quesito que o diferencia seu capital político de Stasinski, para ficar no exemplo da história recente.
Mas vive o MDB o dilema de arriscar que sua maior liderança e ‘Grande Eleitor’, Marco Alba, que saiu do governo com as contas em dia, investindo R$ 100 milhões e uma aprovação de quase 9 a cada 10 gravataienses, fique pelo menos 8 anos sem um mandato eletivo; o que, mantendo o exemplo da queda do império petista, completa Bordignon neste 2022.
Sim, porque se Marco não for candidato em 2024, pode também não ser eleito deputado federal em 2026, tal a dificuldade da eleição. Em 2022 recebeu 68.245 votos, 45.882 nas urnas gravataienses, que lhe inscrevem como o campeão de votos na história de Gravataí, mas não foi eleito. Precisava de 100 mil.
Fato é que a sucessão na eleição municipal é o assunto preferido dos políticos. Todos os dias alguém me pergunta: “é Zaffa ou Marco ou candidato?”, “Estão de bem?”, “Brigaram?”, “Vão brigar?”, “Viu o que disse o Zaffa?”, “Viu o que o Marco falou?”.
Invariavelmente o interlocutor já tem sua escalação do time de um ou outro, caso resolvam cometer um DB-SS 2.4, arriscando ruir por dentro um império político, como fez o PT, cuja oposição precisou de pouco no golpeachment contra Rita ‘Dilma’ Sanco, tal fragilidade do partido em 2011.
O que respondo? Que certeza tenho apenas que a eleição municipal, que é como um Brasileirão de pontos corridos, já começou, porque nunca termina.
E as aparições e gestos públicos de Zaffa e Marco, com o reforço da deputada estadual de Gravataí Patrícia Alba, os escalam no mesmo time; prova são as fotos em eventos e obras que não param.
Andam juntos até ao lado do Papai Noel que, tenho certeza, não saberia dizer hoje quem vai concorrer amanhã para manter com o mesmo grupo político as chaves da cidade.
Seguindo juntos, alguns adversários possivelmente nem concorram.
Aguardemos. A política ensina que a história é uma loteria. Sobre o suicídio do PT de Gravataí, suas consequências e ensinamentos, sempre lembro de verbete do Millôr: “Um dia um de seus seguidores o traiu. Um só. Quer dizer, um só porque a traição deu certo. Os outros onze estavam só esperando a vez”.
Sigo hoje.
Ao fim, para usar uma analogia com a rua do encontro entre Zaffa e Marco, como Pero Vaz de Caminha foi o escrivão português responsável por descrever as primeiras impressões desde a chegada ao Brasil, em 1500, vou contar essa história para você, assim como contei o caso Bordignon-Stasinski-Rita; o final, não sei, ninguém sabe ainda.
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