O primeiro jogo da decisão, em Caxias do Sul, atendeu as expectativas. No duelo entre as duas melhores equipes do campeonato também em matéria de desempenho, ganhou o futebol.
Embora o tricolor tenha criado mais oportunidades, o confronto teve a marca do equilíbrio, principalmente na etapa inicial no duelo 11 x 11.
Se quiser consumar o terceiro Hexa da sua história, o Grêmio precisa transformar em prática a supremacia que existe na teoria. Na Serra Gaúcha, o favoritismo esbarrou no maior empecilho da temporada até agora: o desperdício ofensivo — ilustrado pelos incríveis gols perdidos por Vina, que poderia ter deixado o Centenário com hat-trick.
Organizado e equilibrado, o Caxias de Thiago Carvalho provou que não chegou à final por Sedex. Num duelo de times “espelhados taticamente”, onde as marcações neutralizavam a criatividade, o volante Marlon passava da linha da bola e quebrava a marcação gremista como “elemento supresa”. Foi assim que o camisa 5 abriu o marcador.
Justamente o que faltou ao Grêmio. A mecânica do time careceu de um camisa 8 construtor devidos as ausências de Pepê e Carballo. Embora tenham feito uma partida correta, Villasanti e Lucas Silva são mais do mesmo. Obviamente, o time perdeu dinâmica e criatividade.
A bola pouco chegava aos meias — o ponto alto da equipe. Muito se fala no talento de Bitello, Cristaldo e Vina, mas o início de tudo está nos volantes. Aliás, o controle de meio é a principal estratégia defensiva dos time de Renato. Uma das melhores maneiras de defender-se é tendo a posse de bola.
Após a justa expulsão do volante Moacir, o Grêmio acampou na defesa Grená, mas seguiu sofrendo pela falta de articulação. Posse e volume, mas pouca inspiração ofensiva.
Esbanjando leitura de jogo, Suárez deixava a área e amenizava as dificuldades. Após abusar dos erros de passe no primeiro tempo, o camisa 9 cresceu de produção na etapa derradeira. Extraclasse que é, sabe e pode jogar em qualquer tipo de cenário. Inegavelmente, porém, falta companhia.
Ao Caxias, que jogou e marcou no primeiro tempo, restou a bravura, a resistência e a organização defensiva na etapa complementar com um jogador a menos. Thiago Carvalho mandou a campo um terceiro zagueiro e passou a defender-se com linha de 5. Sem volantes à disposição na casamata, mostrou mais uma vez o porquê é o melhor treinador do campeonato.
Fez falta mais um centroavante no elenco gremista como contraveneno para os 3 zagueiros do adversário. Como é notória a falta de qualidade no banco de suplentes para oxigenar as ações.
Para o próximo final de semana, na Arena, o Grêmio provavelmente tenha o melhor time possível para Renato escalar. Embora Pepê siga sendo desfalque, Carballo pode ser o diferencial que faça toda a engrenagem funcionar. Será quase a escalação “ideal”, que melhor deu respostas até o momento em 2023.
Ao Caxias, restará o desafio de travestir-se de Davi contra Golias. Para tanto, o camisa 10 Peninha talvez seja o X da questão. Precisa jogar mais, o que não tem conseguido nos últimos duelos. Não descarto, porém, a saída do meia e a repetição do sistema com três zagueiros.
Que vença o mais competente nos 90 minutos. Embora a dupla tenha se classificado para a finalíssima na lotérica e famigerada cobrança de pênaltis.
Se for o caso, Adriel e Bruno Ferreira já estão a postos. Azar dos cobradores…