Cassação já teria maioria no plenário, e vem de encontro à pressão popular por sua saída
Em outubro do ano passado o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) recebeu uma missão de seus aliados: teria de fazer de tudo para defender o mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) até que o impeachment de Dilma Rousseff (PT) fosse admitido pela Câmara dos Deputados. “Nosso grupo entendeu que ele não podia ser cassado antes do impeachment passar. Continuei fazendo o meu trabalho, mesmo depois, porque sou um homem de palavra”, contou ao EL PAÍS. O grupo ao qual ele se refere era a antiga oposição de Rousseff na Câmara, formada principalmente por PSDB, DEM, SD, PPS e uma ala do PMDB – hoje, todos com cargos no Governo Michel Temer.
Membro suplente do Conselho de Ética, Marun foi um dos principais líderes da tropa de choque de seu correligionário também na Comissão de Constituição e Justiça. Sempre que possível, apresentava recursos para adiar votações que poderiam prejudicar Eduardo Cunha. Conseguiu inúmeras protelações. A representação contra o político carioca arrasta-se há 355 dias na Casa. Na noite desta segunda-feira, Marun corre o risco de ser um dos poucos a pular com Cunha no abismo político em que ele deverá ser jogado pelos seus pares.
As enquetes mais recentes mostram que entre 280 e 330 deputados votarão a favor da cassação do mandato de Eduardo Cunha. Apenas três admitiram que serão contrários. Para que ele perca o mandato é preciso que 257 dos 511 parlamentares (o presidente da Casa e o representado não votam) concordem com o parecer do Conselho de Ética que entendeu que Cunha quebrou o decoro parlamentar ao mentir para seus pares. O peemedebista é acusado de faltar com a verdade na CPI da Petrobras quando disse que não possuía contas bancárias no exterior. Foi desmentido por uma das diversas investigações policiais que correm contra ele no âmbito da operação Lava Jato, sob a autorização do Supremo Tribunal Federal.
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