O PL está fazendo da candidatura de José Capaverde à Prefeitura de Gravataí uma fake news. Trago neste artigo a evidência de que o bolsonarismo, como se diz no popular, ‘está pra negócio’ na aldeia.
O presidente da juventude do partido de Bolsonaro no RS foi lançado pré-candidato após Marco Alba (MDB) não antecipar a cedência do vice; leia em Partido de Bolsonaro vai ter candidato à Prefeitura de Gravataí; A esquerda agradece.
Sábado, porém, em cerimônia de entrega de boinas e uniformes a alunos da Escola Rural Cívico Militar Municipal Murialdo de Gravataí, o presidente municipal do partido, o ex-vereador Evandro Soares, dividiu o palanque e posou sorridente para fotos com o prefeito Luiz Zaffalon (PSDB).
O desprestígio ao jovem bolsonarista foi ampliado pelo deputado federal Luciano Zucco, parceiro de pescaria do ex-presidente (estava lá inclusive quando a Polícia Federal cumpriu ordens judiciais de busca e apreensão na casa do clã em Angra), que “recomendou” apoio à reeleição de Zaffa, conforme noticiou Chico Pereira, comunicador que dá os furos positivos do prefeito.
Ao lado do prefeito, que na cerimônia falou de “disciplina”, “civismo” e “família”, também estavam presentes políticos do lado destro extremo da ferradura ideológica, como a presidente do PL e candidata a prefeita de Cachoeirinha, Cláudia Frutuoso, o deputado estadual Gustavo Victorino (Republicanos) e o vereador bolsonarista-raiz Evandro Coruja (PP).
O ato político foi notícia na coluna de Rosane Oliveira, em GZH. A jornalista escreve que Evandro informou que “o ingresso do PL na aliança de Zaffa terá de ser referendado pela executiva estadual”.
Domingo da semana passada, Evandro, que era cotado para ser vice de Marco Alba, estava com Capaverde no Rua Aberta, no Parcão. Em um momento em que se distanciou poucos metros para cumprimentar uma pessoa, o ex-prefeito se aproximou de Capaverde, abraçou-o e disse, com sua entonação característica:
– Te acalma, guri, que a gente ainda vai estar junto!
Não esperou para cumprimentar Evandro, que já contou a amigos saber que Marco o chamou de “moleque” a interlocutores.
Certeza é que uma participação do PL na coligação de Zaffa não passa pela indicação do vice, que Evandro disse ao Seguinte: ser uma exigência da direção nacional do partido: a participação em chapas majoritárias em cidades do porte de Gravataí.
O vice definido por Zaffa é Dr. Levi (Podemos), o que já disse ao Seguinte: e é confirmado na nota de hoje da colunista política de GZH. O prefeito sabe que, rifando Levi, Marco Alba herda um candidato ao vice.
Reputo também provoca estranhamento Evandro ser o artífice da aproximação com Zaffa, sem indicar o vice, grifo, já que é chefe de gabinete do deputado estadual Rodrigo Lorenzoni, filho de Onyx, que ao receber apoio de Marco Alba ao concorrer a governador em 2018, abrindo dissidência no MDB que tinha Gabriel Souza como vice de Eduardo Leite, empenhou apoio à candidatura do ex-prefeito em 2024; leia em Número 1 de Bolsonaro no RS confirma apoio a Marco Alba para Prefeitura de Gravataí; Dorival e ‘a luta continua’.
É o filho de Onyx um dos principais opositores de Leite na Assembleia Legislativa. Já chamou o governador de “mentiroso” após Leite usar de uma ‘verdade múltipla’ ao propor pedagiar a ERS-118 mesmo que na campanha tenha assinado documento se comprometendo a não instalar pedágio na rodovia; leia em Audiência pública: ninguém quer pedágio e Leite é “mentiroso”. Ok, mas o que fazer da ERS-118?; O advogado do diabo.
E Zaffa é do PSDB de Leite.
Ao conduzir o PL para apoiar a reeleição de Zaffa, Evandro também se associa a Zucco, que disputa o comando do partido com Onyx e o atual presidente Giovani Cherini.
Inegável é que o bolsonarismo está em disputa em Gravataí, seja isso bom ou ruim, como já analisei em artigos como III Guerra Política de Gravataí: Marco Alba e a foto com o candidato bolsonarista; ‘Mito’ pode não ser mais um bom cabo eleitoral e TBT no palanque do bolsonarismo-raiz não é por acaso: a ‘bolsonarização’ de Zaffa.
Zaffa faz movimentos para atrair o PL e Marco Alba ainda não desistiu. Ruim para os dois é Capaverde ser candidato e andar pela Gravataí, que deu 6 a cada 10 votos para Bolsonaro, em carro de som pintado de verde e amarelo, com o 22, e tocando mensagem do inelegível afiançando o jovem como o candidato da seita.
Não sairiam dos adversários de centro-esquerda os votos de Capaverde, né?
Ao fim, se o aceno a Zaffa não for só uma vendeta de Evandro, ou um “me chama” para Marco Alba, resta a candidatura de Capaverde natimorta, uma fake news. Aguardemos para ver como as diferentes facções do partido se comportarão.
Fato é que a gestão de Evandro lembra a de Waldemar da Costa Neto. Coloca o PL, no popular, ‘pra negócio’, com ou sem vice. Só falta, já que há congressistas do partido que votam com a base do governo Lula, algum partidário bater foto com Daniel Bordignon (PT).
