A segunda edição da Noite dos Museus aconteceu em maio em Porto Alegre. Havia programação no Planetário e me deparei com o Museu de Brinquedos. Funciona em uma Kombi foragida da década de 70. No interior, uma coleção de brinquedos que fizeram a alegria de várias gerações de crianças.
Circula por vários lugares de nosso estado levando atividades educativas. No dia que eu a conheci encontrei alguns brinquedos que fizeram parte da minha infância e representantes dos personagens que povoaram minha imaginação de pequena leitora.
Bem cuidados na prateleira, entre Suzis e Barbies, estavam Emília e Pinóquio. Emília, a serelepe boneca de pano e cheia de vida na obra de Monteiro Lobato, o Sítio do Pica-pau Amarelo, tinha um Pó de Pirlimpimpim que até hoje, em certos momentos, gostaria que existisse. Tem dias que seria ótimo usar o pó mágico da Emília ou o da Sininho, a fada da história de Peter Pan, que também estava lá e viajar para outros mundos.
Quem sabe ir para junto do boneco Pinóquio, que queria ser gente e contar para ele que humanos fazem coisas incríveis (tanto boas quanto más) e que não é fácil conviver com a nossa espécie, mas que ele veria muita gente com o nariz crescendo com tanta mentira que conta.
Meu diálogo imaginário foi interrompido por uma criança que entrou na Kombi e viu um boneco do Harry Potter chamando a atenção de sua mãe em um misto de euforia e fantasia. Dizia que queria ter os poderes mágicos do jovem feiticeiro.
Olhei para o guri e percebi que a diferença de idade não interessa. Sempre sonhamos em ter o poder da magia ao nosso lado, mas ela está em nossa cabeça, ou, como dizia a Fada Sininho, somente com pensamentos felizes podemos sair dos lugares tristes. Museus tem esse poder de nos ligar e desligar de mundos e tempos diferentes.