e dê-lhe água

Polícia investiga relação de empresa com alagamentos

Casa foi inundada na Rua Londres, próximo da avenida Dorival e já na altura da parada 63, cerca de cinco quilômetros distante da área da cerâmica

O delegado Newton Martins de Souza Filho, que responde pela 2ª Delegacia de Polícia de Gravataí, continua ouvindo depoimentos de moradores e de representantes da empresa Pauluzzi Produtos Cerâmicos Ltda (com sede em Sapucaia do Sul), para apurar o que houve no episódio do alagamento da última quinta-feira quando uma chuvarada – 125 milímetros – caiu sobre a região. O volume é equivalente à média esperada para todo mês de junho.

A novidade, revelada na conversa que o delegado Newton teve nesta tarde com a reportagem do Seguinte: é o sumiço dos (supostos) colchões que estariam sendo usados para obstruir a canalização de escoamento da água do terreno da cerâmica para um valão que costeia o Afonso Arinos.

— O encarregado da área diz que os moradores usaram colchões para obstruir a tubulação de saída d’água, o que obviamente é negado por eles — disse o delegado confirmando que o material – os colchões – só existe no depoimento de quem representa a cerâmica.

— Não existe foto ou filmagem, e nem foi encontrado nenhum colchão no local — comentou o delegado Newton, acrescentando que não tem prazo definido para o encerramento do inquérito.

Os moradores atingidos pelo aguaceiro com barro da quinta passada (1/6) no Loteamento Afonso Arinos, e de centenas de casas nas imediações do curso do Arroio Barnabé que transbordou inundando moradias e estabelecimentos comerciais – já estão, na maioria, identificados e qualificados na 2ª DP.

— Temos muitas imagens do que aconteceu. Infelizmente elas mostram apenas as consequências e não temos registros do que seriam as causas do transbordamento — disse o policial.

 

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Para saber

 

O assessor parlamentar na Câmara de Vereadores de Gravataí, patrão do CTG Tropeiro dos Pampas (da Morada do Vale II) e líder comunitário, Juliano Rocha Santos, fotografou e publicou no seu perfil na rede social Facebook o que, segundo ele, seriam funcionários da cerâmica utilizando uma retroescavadeira para abrir as valas que deram vazão às águas que invadiram as casas e estabelecimentos comerciais.

 

: Juliano fotografou máquina sendo usada na abertura de valas no terreno utilizado para extração de argila.

 

Meio Ambiente

 

A Fundação Municipal do Meio Ambiente (FMMA) já encaminhou um relatório preliminar com as conclusões obtidas até agora sobre o que aconteceu no episódio do alagamento no Afonso Arinos e ao longo do Barnabé, na quinta passada. O que consta no documento não foi divulgado pelo presidente da FMMA, Jackson Müller.

Se houve crime ambiental, ou não, Jackson passou a responsabilidade adiante.

— Essa avaliação será realizada pela Delegacia de Polícia. Há um inquérito policial em curso e foi realizada perícia na área, na sexta-feira, um dia após o fato — disse o presidente.

Ainda estão sendo recebidas na Fundação Municipal do Meio Ambiente as queixas de moradores e técnicos do órgão municipal continuam realizando diligências na área “de influência da situação”.

— É uma situação bastante séria e delicada, que deve ser apurada com cuidado e profundidade — sustentou.

 

O licenciamento

 

A exploração do terreno – com uma área de 84 hectares segundo informação do presidente da FMMA – está licenciada na Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) sob o número 01055/2016 DL.

O documento emitido pela Fepam tem validade de 1º de março de 2016 (início) até 1º de março de 2020, e está em nome da empresa Pauluzzi Produtos Cerâmicos Ltda.

 

: A dona de casa Cristiane Terezinha Cardoso dos Santos diz que perdeu roupas, móveis e eletrodomésticos

 

O telefonema

 

Na tarde de hoje a reportagem do Seguinte: entrou em contato com a sede da Pauluzzi em Sapucaia do Sul. A pessoa que atendeu ao telefone inicialmente julgou que se tratava de algum morador atingido pela água com barro:

O diálogo:

— Não consigo passar para ninguém aqui. O senhor mora em uma das casas?

— Não, sou jornalista do site Seguinte: de notícias e reportagens. Eu gostaria de falar com alguém da direção sobre o alagamento de quinta passada, saber o que aconteceu…

(Quando soube que era um telefonema da imprensa a atendente mudou o tom de voz)

— Só um momento, vou verificar!

(Foi possível ouvir a atendente conversando com outras pessoas)

— Olha, senhor, não tem ninguém da direção que tenha informação para lhe dar.

(Diante do pedido para falar com alguém que pudesse responder pela empresa, a atendente pediu para ficar com um número de telefone para que um representante  da Pauluzzi retornasse a ligação, sem dizer quem, o que não aconteceu até esta matéria ser publicada no site)

— O senhor, por favor, deixe um telefone de contato que vou passar para a direção da empresa. Daí eles vão ver quem é que pode lhe atender.

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