O titular da 1ª Delegacia de Polícia de Cachoeirinha, Leonel Baldasso Pires, ‘pisa em ovos’ ao falar sobre o que foi apurado até agora sobre as três invasões na sede da Prefeitura, todas em menos de 30 dias. Ele dá a entender – e depois até confirma – que a investigação tem pelo menos um suspeito de ter praticado o primeiro ataque, na madrugada do dia 6 de março.
E Baldasso literalmente ‘corre sobre tachinhas’ fugindo da resposta quando perguntado se o ataque pode ter sido praticado por algum servidor público municipal descontente com o pacotaço de medidas aprovado dia 24 de fevereiro e que mexeu nas vantagens agregadas ao salário do funcionalismo, ensejando a greve iniciada no mesmo dia 6, pela manhã.
— A gente tem uma suspeita, mas eu não posso dizer que tem. É preciso ter cuidado para não misturar as coisas e não prejudicar a investigação — diz o delegado Baldasso, se escudando no trabalho do Instituto Geral de Perícias (IGP) para manter-se longe de confusão.
Segundo ele, o IGP ainda não concluiu a análise das inúmeras digitais colhidas no gabinete do prefeito Miki Breier (PSB) que foi vandalizado, com portas quebradas, papéis espalhados, porta-retratos pessoais alinhados sobre a mesa de trabalho junto com uma carta, além de claros sinais de que foi feito um lanche no local.
A carta continha críticas ao valor dos salários do Executivo (prefeito, vice, Cargos em Comissão) e dos vereadores, e condenava o pacote de medidas aprovado dias antes pelo Legislativo com a finalidade, de acordo com o governo, de ajudar na recomposição da desmantelada situação econômico-financeira da Prefeitura de Cachoeirinha.
— Até agora só posso fazer suposição por causa do tipo de crime e da existência da carta. Um bandido comum iria entrar, pegar o que encontrasse de valor e trataria de sair logo. O que houve foi uma invasão para vandalizar, provocar danos e furtar. Mas quem foi mesmo só a perícia vai confirmar depois de concluir a análise das impressões digitais — disse o policial.
No Seguinte:.
Na mesma segunda-feira do crime o prefeito Miki Breier conversou com a reportagem e deu seu veredito:
— Um ato lamentável de vandalismo!
A invasão na Prefeitura aconteceu provavelmente entre o começo da noite de domingo (5/3) e a madrugada de segunda. O próprio prefeito Miki foi quem encontrou as portas arrombadas quando chegou por volta das 7h da segunda-feira para começar seu expediente. Três salas foram invadidas, na ocasião.
Ele considerou como inadmissível a ação e contou que levaram objetos pessoais seus (pelo menos uma caneta tinteiro), públicos (um notebook sumiu), deixaram o que ele chamou de “bilhete ameaçador” e, de quebra, ainda comeram lanche e tomaram suco no gabinete. Miki não confirmou se os vândalos urinaram em sua sala.
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Mais duas invasões
Uma segunda invasão à sala do prefeito aconteceu no dia 28 de março, quando criminosos levaram um frigobar e um aparelho de televisão da sala do chefe do Executivo. Desta vez a bandidagem se limitou à sala de Miki e agiu de modo, digamos, mais profissional, já que não deixou vestígios e nem impressões digitais que pudessem ser avaliadas pelos peritos do IGP. Deveriam estar usando luvas.
Mesmo assim o delegado Leonel Baldasso garantiu – numa provável tentativa de fazer o criminoso cometer algum erro que possibilitasse identificá-lo – que o serviço de investigação já dispunha de pelo menos um suspeito que, certamente, seria a mesma pessoa que cometeu o crime no começo do mês de março.
E a terceira invasão é a que mais intriga a Polícia. Foi na madrugada do dia 1º deste mês quando os ladrões entraram no prédio da secretaria de Assistência Social, Cidadania e Habitação, também na Flores da Cunha e com instalações anexas à sede da Prefeitura. Os bandidos foram mais ousados. Chegaram a separar o que iriam levar em sacos e usariam um veículo para fazer o transporte.
— Ouvimos vários depoimentos, mas este caso está mais difícil. Ninguém sabe nada, ninguém viu nada — lamentou o delegado. Isso, mesmo diante da informação de que alguém teria visto a movimentação estranha no pátio da secretaria e acionado a Guarda Municipal e a Brigada Militar.
Os bandidos fugiram antes da chegada dos guardas e PMs e não levaram nada.
— Falar sobre qualquer indicação de provável autoria, agora, é precipitado. Seria uma leviandade apontar ‘a’ ou ‘b’ — completou o delegado.
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Áudio contra a juíza
O delegado Leonel Baldasso confirmou ao Seguinte: que vai indiciar criminalmente por crime de ameaça uma pessoa que divulgou uma mensagem de áudio pelo canal WhatsApp convocando servidores em greve para ‘uma visita’ à juíza Marluce da Rosa Alves da 2ª Vara Civil da Comarca de Cachoeirinha.
Na quinta-feira, dia 20, ela indeferiu pedido de liminar impetrado pelo Sindicato dos Municipários de Cachoeirinha para que a Prefeitura pagasse os salários do funcionalismo em greve descontando apenas 25% – e não o total – dos dias parados. No áudio distribuído o homem propõe uma visita também à casa do prefeito Miki e dos vereadores que votaram a favor do ‘pacotaço’ de medidas do governo.
— Ninguém, numa circunstância destas, vai propor uma vista à casa de uma autoridade para tomar chimarrão. Além do mais, que intimidade ele tem para ir visitar a juíza? — comentou Baldasso, admitindo a possibilidade de, até, pedir a prisão do autor das mensagens.
Vídeo contra Miki
O caso de um vídeo gravado pelo marido de uma servidora municipal de Cachoeirinha que está em greve e divulgado em postagem na rede social Facebook – logo depois excluída diante da repercussão – com ameaças pessoais ao prefeito Miki Breier ainda não está encerrado, conforme Baldasso.
O homem gravou e divulgou um segundo vídeo se retratando, pedindo desculpas ao prefeito, mas o delegado ainda pensa em indiciar o autor das ameaças e ofensas e de pelo menos mais duas pessoas que ajudaram na disseminação da mensagem.
— Isso é sério. A livre manifestação a gente entende, está prevista na lei, só que isso que houve é grave por ser uma ameaça à integridade e à vida de uma pessoa — disse o policial, ao Seguinte:, no último dia 1º.
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