O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) tem até 19 de julho para marcar a data da nova eleição em Cachoeirinha, mas os partidos que apresentarão candidaturas já trabalham com o dia 30 de outubro.
É a data reservada para o segundo turno das eleições estaduais e nacionais.
A eleição suplementar acontece porque o prefeito Miki Breier (PSB) e vice Maurício Medeiros (MDB) eleitos em 2020 foram cassados pela corte estadual pelo abuso de poder econômico e político, supostamente configurado no pagamento de vantagens salariais a servidores, na campanha pela reeleição em 2022.
Miki também foi condenado a uma inelegibilidade de 8 anos; Maurício está liberado para participar de eleições.
O vereador Cristian Wasem (MDB), que era o presidente da Câmara, governa interinamente até a realização de uma nova eleição.
Como tratei em TRE mantém cassação: decisão impede recurso de Miki e Maurício subir para TSE; Uma freeway para a nova eleição em Cachoeirinha, o presidente do tribunal Francisco José Moesch negou a subida para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de recurso especial feito pelos políticos cassados.
Na decisão, ao negar efeitos suspensivos, o presidente do TRE confirmou a aplicação imediata da cassação, o que significa que 19 de julho, ou 90 dias a partir daquela decisão, é a data limite para a corte marcar uma data para a nova eleição.
A data de 30 de outubro será um burla do TSE ao calendário que a própria corte criou. A Portaria nº 685/2021, publicada em 21 de outubro do ano passado, estabeleceu como datas para eleições suplementares em municípios brasileiros em 2022 os dias 23 de janeiro, 13 de fevereiro, 13 de março, 3 de abril, 15 de maio, 5 de junho, 27 de novembro e 11 de dezembro.
Reputo o ‘menos pior’ seria 11 de dezembro.
Insisto como em Nova eleição em Cachoeirinha pode ser no dia da decisão entre Bolsonaro e Lula; O CEP da ‘cidade de bandidos’. Confirmado o 30 de outubro, data do segundo turno, “pobre Cachoeirinha!”. Misturar a escolha do novo prefeito, no CEP que ganhou fama de ‘cidade de bandidos’, com o dia de potencial guerra entre Bolsonaro e Lula, não inspira nada de bom.
Até lá, lembremos ‘Eleito (1990)’, de Millôr:
“Pouco a pouco, surge na linha do horizonte a luz triunfante do novo eleito. Cabeça de touro, corpo vegetal, pés de pato, ainda úmido do suor do parto, ele aspira crescer na selva selvágia. Mas sem mãe (gerado de si próprio), no planalto inóspito, quem o vai alimentar? Quem lhe oferecerá o seio, propriamente dito, pra sustento do corpo, ou simbólico, para a nutrição da alma? Se alguém o fizer, como confiar no alimento, que pode ser uma traição, estar envenenado pela rivalidade política, pela ânsia de outros egos que sabem bem que ele quer ocupar todo, todo, o espaço disponível? Onde, e com quem, aprender os primeiros passos de um balé à beira do abismo? Em que caverna habitar enquanto se ruminam sonhos e devaneios de poder e glória, realização e plenitude, e se espera, e se assume, e se administra o Cargo?”