Gravataí não tem falta de médicos, não padece desta moléstia, como muitas vezes as pessoas fazem parecer em postagens no Facebook. Os eventuais casos são explicados como faltas ocasionais e temporárias, nas palavras do secretário municipal da Saúde de Gravataí, Laone Pinedo Guimarães.
No cargo desde a primeira gestão do prefeito Marco Alba (PMDB), ele explica que o problema não é grave mas Gravataí, mesmo sendo uma cidade ‘top’ na remuneração destes profissionais, enfrenta o efeito da rotatividade que existe no meio. Médicos que trabalhavam aqui fazem concurso em várias outras cidades e selecionados, escolhem a terra natal ou municípios mais próximos.
– Os profissionais assumem os cargos mas não hesitam em pedir exoneração para trabalhar mais próximo de casa, mesmo que isso implique em uma redução nos seus ganhos. A comodidade do lar e menos estresse no trânsito, contam bastante para que tal decisão seja tomada – observa o secretário.
Os cubanos
Outra explicação para intervalos com falta de médicos em algumas unidades decorre de Gravataí ser um dos municípios do Estado, à exceção de Porto Alegre, que mais recebe os profissionais do programa Mais Médicos – que distribui pelo Brasil profissionais vindos de outros países, especialmente os de Cuba.
O ciclo de permanência dos médicos se encerra a cada três anos e, até que aconteçam novas indicações, os serviços em determinadas unidades podem ficar a descoberto.
O Ministério da Saúde, que regula o programa, pode demorar até 90 dias para repor os profissionais, conforme o secretário.
E ainda há os pedidos de licença saúde, licença maternidade, exoneração da função pública, entre outros. A nomeação de um médico para a vaga de outro que está entrando, por exemplo, em licença maternidade, não pode acontecer enquanto o que vai ser substituído estiver na ativa. É preciso aguardar que ele deixe de trabalhar. Daí é que vão ter início os procedimentos legais que culminam com a nomeação do substituto, situação que, em alguns casos, demanda dias. Dependendo da especialidade pode demorar até mais de uma semana.
– Quando a perspectiva é de demora muito prolongada para substituição do profissional do Mais Médicos ou daquele que vai deixar a função por um período, independentemente da razão, a Secretaria Municipal da Saúde se socorre de contratos emergenciais de profissionais – garante o secretário.
Até 15 dias para trocas
Então, o o que há é falta de médico ou rotatividade?
— O que existe mais é rotatividade. Muitas vezes se demora uma semana, 10 dias ou 15 dias para repor um profissional, chamando um médico de concurso já realizado ou por contrato emergencial. O mercado neste setor ainda é bastante concorrido, tanto pela oferta na iniciativa privada ou do próprio setor público — explica o secretário.
E, conforme ele, o caso de ‘perda’ de um profissional não é consequência de uma baixa remuneração. Pelo contrário. Gravataí tem um acordo firmado em 2015 com o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) que fixou esta remuneração em hora trabalhada (atualmente em R$ 80), independente da especialidade, do local de trabalho e da carga horária.
Ou seja, um clínico geral que trabalha em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de uma determinada vila ou bairro num regime – hipotético – de 20 horas semanais recebe os mesmos R$ 80 por hora pagos a um pediatra da Unidade de Pronto Atendimento 24 Horas inaugurada em 3 de fevereiro e aberta ao público dia 15 do mesmo mês.
Índice de 90% da escala preenchida
O secretário Laone Pinedo comemora, inclusive, o índice de preenchimento de vagas que está acima da média da região e bem acima dos números de governos passados.
— Felizmente temos conseguido manter elevados os percentuais de preenchimento das vagas e de permanência. Nos últimos três anos e mais fortemente com o programa Mais Médicos mantemos de 85% a 90% de preenchimento da escala, o que é excelente na comparação com o que havia no passado.
Os profissionais médicos têm optado por trabalhar em Gravataí, de acordo com Pinedo, além da boa remuneração, pelas condições de trabalho oferecidas pelo município. A remodelação das condições físicas das unidades básicas, ou a construção de novas UBSs, reflete na escolha da categoria.
O que os profissionais levam muito em consideração é o ambiente em condições, a disponibilidade de uma boa equipe e a assistência farmacêutica.
O município, de acordo com o secretário Pinedo, está “em franca remodelação” dos espaços físicos para prestação da saúde pública.
— Ou serão construídas novas unidades ou estamos reformando as unidades, proporcionando melhores condições para os profissionais que nelas trabalham e principalmente para a população que acessa o serviço — garante.
Difíceis especialidades
As especialidade mais complicadas para suprir com médicos são: Nefrologista, Neurologista e Médico do trabalho, com a atendimentos disponíveis na Policlínica Central.
É verdade que falta pediatra?
— Nós temos hoje pediatras atendendo, com escala fechada, dois em tempo integral no Pronto Atendimento 24 Horas, um na UPA 24 Horas e na retaguarda os que estão no Hospital Dom João Becker dentro da quota de serviço conveniado com o município.