opinião

Por que Bolsonaro torce por Lula livre e nas urnas

Lula em entrevista a Kennedy Alencar em Curitiba

Antes de concluso o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal de habeas corpus que pode levar ao cancelamento de cerca de 9 a cada 10 sentenças da operação Lava Jato, faço uma leitura política sobre o futuro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidiário mais famoso do mundo e que pode ser beneficiado nas condenações do sítio de Atibaia e no triplex do Guarujá.

Antes, rapidamente, sem torcida ou secação: até Sérgio Moro reconheceu em sua sentença não haver provas, além de uma delação, da suposta corrupção cometida por Lula no caso do triplex, que levou à condenação em segunda instância e à prisão do petista.

Lula pode não ser um preso político, mas é, sem provas, um preso da política.

Fato, aquele chato que atrapalha argumento, que Lula resta em sua solitária com uma condenação criminal em segunda instância, o que lhe torna inelegível. No caso de anulação dos processos, poderia ficar livre e com os direitos políticos restituídos. Politicamente, quem ganharia com isso? Aí onde quero chegar: Lula inelegível é bom para Lula e para as esquerdas. Solto, por óbvio, mas isso acontecerá ainda este ano, com ou sem tornozeleira, porque terá cumprido um sexto da pena de 8 anos.

Explico.

Lula elegível é tudo que Jair Bolsonaro quer! O presidente sabe que Lula nas urnas é quase uma certeza de unir parte do centro, direita e extrema direita segurando no estandarte um Pixuleco em 2022. É o ‘nós contra eles, eles contra nós’ ideal para o ‘mito’ em um Brasil tão polarizado.

Já Lula solto, mas inelegível, é a assunção certa como embaixador da unidade do que hoje chamam ‘campo progressista’. Não só Brasil, mas no mundo. Ou alguém duvida que Lula passará mais tempo dentro de aviões do que as horas em que toma sol em Curitiba?

Os indícios já estão nas entrevistas de Lula. Se na ONU Bolsonaro falou mais para seus fanáticos do que para o mundo, Lula atrás da mesinha, cercado de policiais federais, não fala aos jornalistas só sobre o Brasil, mas sobre o mundo.

Lula viajando de Gravataí e Garanhuns, e além fronteiras, falando sobre a desigualdade e a fome, sobre civilização e barbárie, sobre a necessidade de desarmar os espíritos, é muito maior do que potencial candidato a alguma coisa.

Ao fim, Lula livre é uma certeza, mesmo que momentânea, e até a ‘Vaza Jato’ já aderiu. Inelegível, é ruim para Bolsonaro.

O realismo fantástico comprova a cada virada que o Brasil não é para principiantes.

 

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