O presidente da General Motors International, Shilpan Amin, e o presidente da empresa para a América do Sul, Santiago Chamorro, anunciaram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, um plano de investimentos da empresa no Brasil, no valor de R$ 7 bilhões até 2028.
Apesar da montadora não confirmar, Gravataí – que tem a fábrica mais produtiva no país – deve receber parte dos investimentos. Há possibilidade dos bilhões serem destinados à produção de carros elétricos.
– A GM guarda sigilo e só confirma o investimento no Brasil. Informaram apenas que detalhes estão em estudo e serão divulgados posteriormente – disse ao Seguinte: o prefeito Luiz Zaffalon (PSDB), que conversou com executivos da montadora.
Zaffa convidou o presidente do sindicato dos metalúrgicos (Sinmgra) Valcir Ascari, o Quebra-Molas, para uma conversa na Prefeitura.
– Quero saber no que posso ajudar, pois o cenário sindical sempre entra nestas avaliações sobre onde investir – explica.
Ascari antecipou ao Seguinte: que vai informar o prefeito que a fábrica de Gravataí, além de tecnologia e mão de obra, teria capacidade de preparar até o fim do ano a montadora para a produção de carros elétricos.
– Mas ninguém sabe ainda. Por anos o investimento em veículos elétricos é um efeito sanfona, um vai não vai – alerta.
O presidente tem conversa online na segunda-feira com Luis Mesa, vice-presidente de Manufatura da GM para América Latina. O colombiano já foi diretor de planta e também do complexo automotivo de Gravataí.
– Foi peão aqui. Podemos conversar mais de perto – explica Ascari, que já tenta agendar reunião em São Paulo com a cúpula da GM.
Apesar da falta de confirmação oficial, em 19 de abril do ano passado Santiago Chamorro, que na reunião com Lula elogiou a nova política industrial do governo brasileiro, anunciou a participação do Centro de Desenvolvimento da empresa no Brasil na criação próxima da nova geração de veículos elétricos globais do grupo.
Conforme reportagem GM revela planos de fabricar elétricos no Brasil, da revista Quatro Rodas, “o anúncio oficial da inclusão da engenharia brasileira nos programas dos elétricos sinaliza algo mais importante para o mercado que é inclusão do Brasil entre os países onde os novos veículos serão comercializados e, em futuro próximo, produzidos”.
Conforme disse Chamorro na entrevista, os elétricos da Chevrolet serão importados para o Brasil “mas têm grande chance de serem produzidos localmente, a curto prazo”.
– Entre as montadoras instaladas, provavelmente nós seremos os primeiros nessa inovação de industrializar veículos elétricos no país e não vai ser muito distante de agora – disse Chamorro.
Conforme reporta o jornalista Paulo Campo Grande, “a GM já teria feito as contas de qual seria volume de vendas mínimo necessário para justificar a fabricação no Brasil – que demanda investimentos para mudanças importantes nas fábricas atuais, como a criação de áreas isoladas para se lidar com as baterias e estruturas nas linhas de produção que suportem o peso mais elevado dos carros”.
A reportagem não inclui a fábrica de Gravataí entre àquelas com tecnologia mais avançada para produção de veículos elétricos.
“As fábricas ainda precisam de mudanças, mas tanto o Campo de Provas da Cruz Alta (CPCA), em Indaiatuba, quanto o Centro Tecnológico (CT), em São Caetano do Sul, ambos no estado de São Paulo, já se prepararam para os novos tempos, com parte do aporte de R$ 10 bilhões que foi anunciado pela GM, em 2019”.
Conforme o artigo, “as principais colaborações desses dois centros de pesquisa atualmente, no que diz respeito aos projetos dos elétricos, estão relacionadas às áreas de eficiência energética e de conectividade, além de testes de certificação e homologação nos diferentes mercados onde os modelos serão comercializados”.
E conclui: “Das montadoras instaladas no país, a GM é a mais dá sinais inequívocos de que aposta suas fichas nos carros elétricos. E, segundo Chamorro, a empresa faz isso para atender as novas demandas dos consumidores”.
Sigo eu.
Parece inimaginável que Gravataí não fature uma boa parte dos R$ 7 bilhões.
Com a ampliação de 2014, a fábrica que produz o carro mais vendido do país, o Onix, e o seu derivado sedã, o Prisma, se consolidou como a mais importante da GM na América Latina.
Da inauguração em 2000, até hoje, ainda na ressaca da pandemia, o Complexo Industrial Automotivo de Gravataí triplicou e tem capacidade de produção de 350 mil veículos por ano.
Para efeitos de comparação, a GM Gravataí produz 7 a cada 10 carros de passeio da montadora emplacados no país.
Sobre o carro elétrico, por obvio a GM olha para a concorrência. Horas antes da reunião com os chefões da GM, Lula recebeu na residência oficial do Palácio da Alvorada Tyler Li, presidente no Brasil da companhia chinesa BYD, que produz carros elétricos.
A empresa assumiu a planta industrial da Ford em Camaçari, na Bahia, onde pretende investir R$ 3 bilhões nos próximos anos. É a primeira fábrica da gigante asiática nas Américas.
Fato é que a ‘ameaça’ chinesa pode ajudar Gravataí. Até porque a BYD deve ser só a primeira. Hoje Elon Musk, mais um ‘libertário’ fake, que se ‘excitou’ com o discurso do napoleão de hospício Milei em Davos (veja o Twitter abaixo), pediu… intervenção do Estado!, apelando por barreiras comerciais contra as montadoras chinesas, sob pena de “demolir a indústria automotiva ocidental”.
Ao fim, a GM não pode ficar estacionada.
Pesquisa encomendada pela própria empresa com potenciais compradores de veículos constatou que 86% consideraram adquirir um elétrico. Entre aqueles que já tem, nenhum disse querer voltar aos modelos a combustão.
Com Janja dirigindo, Lula já andou hoje em um Tan, um SUV elétrico da BYD, vermelho, cedido em comodato pelos chineses para a Presidência da República.