crise do coronavírus

Por que Gravataí não deve conseguir rebaixar bandeira de preta para vermelha; Aulas suspensas e ’toque de recolher’ valendo

Prefeito Luiz Zaffalon fez live ao lado de secretários na noite deste sábado

O prefeito de Gravataí Luiz Zaffalon anunciou que vai tentar manter a cogestão que permite aos municípios da Grande Porto Alegre manterem atividades não-essenciais abertas conforme a bandeira vermelha e não preta, como a região foi classificada na última preliminar do Distanciamento Controlado.

Não acredito ser possível.

Antes, o que o prefeito anunciou na live, que reproduzo o vídeo ao fim do artigo. As medidas extraordinárias são as que listei nesta tarde em Gravataí bandeira preta: e agora? O que prefeito vai anunciar.

A partir deste sábado está decretado um ‘toque de recolher’ entre as 22h e às 5h. As aulas estão suspensas em escolas públicas e particulares.

A única exceção acontece na segunda para privadas da educação infantil que quiserem permitir mais um dia para as famílias se organizarem. A partir de terça, aulas suspensas para todos.

Seguem apenas as atividades remotas.

Cirurgias eletivas também estão suspensas no Hospital Dom João Becker.

Na live, o secretário de Segurança, coronel Flávio Lopes, disse que será rígida a ação da Guarda Municipal e da Brigada Militar, que recebem denúncias pelo 153 e o 190. O coronel já alertou torcedores para não procurarem tradicionais pontos de comemoração caso o Inter sagre-se campeão brasileiro neste domingo.

As medidas seguem o decreto estadual 55.764 publicado nesta tarde pelo governador Eduardo Leite.

O que o prefeito tentará junto aos prefeitos vizinhos, incluindo Porto Alegre, é manter a chamada cogestão, que permite que, por decreto, independentemente dos indicadores, municípios apliquem os protocolos da bandeira anterior. No caso, de preta para vermelha. Hoje a classificação é vermelha e as regras são laranja.

Por que não acredito tenham sucesso? A ‘ideologia dos números’.

Na mesma live em que anunciou que vai tentar impedir a bandeira preta, quase um ‘lockdown’, um ‘fecha-quase-tudo’, com exceção de atividades essenciais, Zaffa confirmou que os leitos de Gravataí estão lotados em um momento de explosão da COVID – ele mesmo aplicou a média da nacional da subnotificação para alerta que, ao invés de 13 mil infectados, temos potencialmente 80 mil.

Pelos dados apresentados na live pelo secretário da Saúde Régis Fonseca há 10 leitos de UTI e 23 pacientes no Hospital de Campanha. Os 12 leitos de enfermaria do Becker estão ocupados e, dos 15 leitos para pacientes que saem das UTIs, abertos na sexta, 10 já estão ocupados. Ele apelou que, devido à lotação, pacientes só procurem o HC com coriza, febre e falta de ar. Em outros casos, dirijam-se às UPAs e postos de saúde.

Fica pior.

Ao também participar da live o vice-prefeito Dr. Levi disse ser o pior cenário da pandemia em 11 meses e alertou que leitos públicos e privados da região metropolitana, como nos hospitais Moinhos de Ventos e Mãe de Deus, estão superlotados. Conforme o médico, as internações são de casos de média ou alta gravidade, com necessidade de intubação. E, como disse, é verão:

– O que nos aguarda no inverno?

Para completar a tragédia, o governador – que também classificou o momento como o pior da pandemia no Rio Grande do Sul, que como tratei em Contágio e mortes explodem em Gravataí; E o ’Carnaval da COVID’  tem média de vidas perdidas maior que a nacional – informou em live que as informações do setor de regulação são de que em três semanas, período pós-Carnaval, não teremos leitos caso não diminua a circulação do vírus.

O que, até o momento ninguém provou ao contrário, só acontece com a redução da circulação de pessoas.

– As medidas de distanciamento deram certo sim. Em nenhum momento, desde o governo Marco Alba, Gravataí chegou ao colapso, que é quando pessoas morrem sem atendimento – disse o próprio Zaffa, na live.

Ao fim, que é uma tragédia econômica, isso é indiscutível. Mas algo precisa ser feito. A ‘ideologia dos números’ não permite apenas confiar no cumprimento dos protocolos sanitários por indústrias, comércios, população e covidiotas como aqueles que foram ao aeroporto apoiar meu colorado.

Trocar a cor da bandeira por decreto não parece recomendável, ao menos até tiramos a febre do ‘efeito Carnaval’.

Se os prefeitos tiverem sucesso será por decisão política.

Assinado: Dr. Stockmann, de Um Inimigo do Povo, de Ibsen.

 

Assista à live completa

 

 

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