entrevista

Pós golpeachment e sob ameaça de CPIs, Miki ataca

Miki Breier e Maurício Medeiros, prefeito e vice de Cachoeirinha

Depois do golpeachment frustrado, o prefeito de Cachoeirinha Miki Breier enfrenta duas CPIs tão amalucadas quanto, onde é difícil encontrar o chamado ‘objeto’ para investigações. Uma é sobre o contrato da limpeza urbana, outra sobre controladores de velocidade – o que analiso em detalhes num próximo artigo.

O Seguinte: ouviu Miki Breier, na manhã desta terça. Na aparência, ao menos, a tranquilidade de ex-seminarista, logo após uma bênção de pastores no gabinete, que rendeu live no Facebook.

– Curti teu artigo sobre oportunistas da política – pontuou o, ainda, socialista, sobre O oportunismo de políticos de Cachoeirinha, publicado na semana passada.

– Culpar o governo por tudo de ruim e, quando é bom, dizer “fui eu quem pediu”, é o que há de mais velho na política.

Siga trechos.

 

Seguinte: Depois da tentativa de golpeachment, duas CPIs. Surpresa?

Miki – Eu e o vice Maurício Medeiros tínhamos ouvido falar que CPIs poderiam ser apresentadas. São instrumentos das minorias. A oposição está em seu papel. O que surpreende mais uma vez é, como na cassação, vereadores de partidos da base de governo pedindo investigações. Vamos responder aos questionamentos, como sempre respondemos. É um governo totalmente transparente. Mas não é por acaso. Mexemos em questões que incomodaram muita gente. O que me conforta é que, para além da política, a população percebe que, após dois anos e meio ajustando as contas, o governo começa a entregar obras e melhorar serviços. A oposição percebeu também, por isso a tentativa de antecipar o período eleitoral. Seguiremos trabalhando. Lamento ter que perder tempo com isso.

 

Seguinte: – O contrato de limpeza urbana está sempre entre os mais caros, em qualquer prefeitura, e, ao menos na fofoca, sempre permeia suspeitas entre o políticos.

Miki – A empresa citada presta o serviço. E um serviço que não era feito. Ouvia falar de muitas coisas no governo passado. Inclusive, o proponente de uma das CPI (Rubens Otávio) era o secretário responsável quando assinamos o contrato com a nova empresa.

 

Seguinte: – Á época do golpeachment, na entrevista Sofreu chantagem? Cortou ’mensalinho’? Sob ameaça de cassação, Miki responde essas e outras, também falaste que o governo “mexeu em coisas que incomodaram muita gente”. Que coisas são essas?

Miki – Olha… alguns vereadores parecem pensar apenas em seus interesses pessoais. No governo passado havia benefícios que não sei explicar. Coisas que não fizemos da mesma forma. A composição para governar reuniu de forma republicana as forças políticas que ganharam as eleições, com uma divisão de espaço natural na democracia. Mas não fizemos da Prefeitura um balcão de interesses.

 

Seguinte: – Recebeste de políticos pressões e propostas não republicanas para garantir apoios?

Miki – Sempre há. Mas não é momento para comentar.

 

Seguinte: – Vereadores do PSB, seu partido, que estava entre os articuladores do golpeachment, agora são artífices das CPIs. As direções partidárias, municipal, estadual e nacional, tem agido conforme esperavas?

Miki – Há três vereadores respondendo comissão de ética (Jack Ritter, Marco Barbosa e Ibarú Rodrigues). Certamente com conseqüências. Alguns já estão procurando outros caminhos, conversando com outras legendas, mas por falta de coragem esperam a janela de março, que permite a troca de partido sem perder o mandato. Mas é uma situação inusitada: quem preside uma CPI é do partido do prefeito (Jack) e quem preside a outra é do partido do vice (Rubens). Qual compromisso com o projeto e com a cidade?

 

Seguinte: – Em 5 de julho, no artigo Como Miki se encaixa em jogada que mira Palácio Piratini, revelei o assédio que sofres do PTB. Essa divisão no PSB amplia teu incômodo? Podes sair por falta de sustentação da sigla?

Miki – Não acontece só comigo. Vejo prefeitos com problemas em sua base. Fortunati já teve em Porto Alegre, os prefeitos de Viamão e Sapucaia saíram do partido, Marchezan vive uma guerra com o vice… Parece-me haver uma falta de compreensão das dificuldades que enfrentam os governos, que em tempos de crise precisam dizer ‘não’, comprar brigas, indisposições. Mas alguns jogam no ‘cada um por si’.

 

Seguinte: – Então não descartas sair do PSB?

Miki – Avaliou sempre o cenário. Estou no PSB.

 

Seguinte: – Como no golpeachment, sente falta do apoio dos ex-prefeitos do PSB, Vicente Pires e José Stédile?

Miki – Pois então… Sinto a ausência dos que governaram a cidade para ajudar nos momentos de crise. Mário Bruck, presidente estadual do partido, falou comigo manifestando todo apoio, o Beto Albuquerque também me ligou. Os que passaram, não sei onde estão.

 

Seguinte: – Como pegaste o governo e como está hoje? Justifica tanta pressão interna?

Miki – Ela vem no momento em que o governo está mais tranqüilo, por isso trato como movimentos políticos para antecipar a eleição. Estamos conseguindo realizar, e não só pagar contas do passado. Projetamos até o fim do ano adequar os gastos com a folha à Lei de Responsabilidade Fiscal (herdou 8 a cada 10 reais, precisa reduzir para 5, e está em seis) para poder contrair financiamentos, como estão fazendo Gravataí e Porto Alegre, por exemplo. E vamos conseguir, a população pode contar. Hoje estamos impedidos, mas mesmo assim ainda conseguimos fazer algumas obras. Herdei um governo inviabilizado. Os números falam.

 

Seguinte: – Não temes que o governo pare devido à crise política?

Miki – Quando se mexe com interesses, há reação. Mas garanto à comunidade que continuaremos trabalhando com muito foco. Bom para a cidade é que disputas eleitorais ficassem para a campanha. As pessoas, os políticos, não podem estar acima do interesse público.

 

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