Roger Correa (PP), presidente da Câmara de Gravataí, resta personagem de uma polêmica envolvendo abandono de animais; o que é um crime, caso seja comprovado – o que o vereador não está ajudando a esclarecer os responsáveis.
Pelo que o Seguinte: apurou, na tarde de sexta-feira o político teria encaminhado duas cadelinhas do Condomínio Lagos, bairro Rincão da Madalena, onde mora, para a Unidade de Saúde Animal de Gravataí Priscilla Bittencourt.
Lá, teria argumentado que foi acionado por moradores que seriam atacados pelos animais. Foi orientado a levar as cadelas para casa, já que o Canil Municipal, com mais de 250 cães, não recebe animais sadios; a unidade se dedica a castrar e atender bichinhos doentes ou atropelados, por exemplo.
Roger Correa teria saído do local com os animais, que na mesma tarde apareceram desorientados, cruzando a estrada Manoel de Souza Rosa e sob risco de atropelamento, como mostra o vídeo.
Assista e, abaixo, sigo.
Márcia Becker (MDB), a ‘vereadora da causa animal’, confirma que recebeu ligação do vereador por volta das 15h da sexta.
– Eu expliquei para o Roger que desde 2011 o Canil não é um depósito de animais. O prefeito Luiz Zaffalon trabalha nisso desde a intervenção feita no governo do Acimar (da Silva). Ele me disse, então, que levaria os animais para casa. Quando pedi fotos para ajudar na divulgação, ele disse que os levou para o sítio de um amigo e, ao tentarem dar banho, os animais teriam fugido – conta a parlamentar, que pediu o contato do sitiante que teria ficado responsável pelas cadelas, mas ouviu do colega de Câmara que ele “abraçaria” o caso.
– Ainda estamos procurando os animais – acrescenta outro ativista, Ricardo Bristot, que seguia a busca pelas cadelas na manhã desta segunda e informa que registrará ocorrência policial por maus tratos.
– Espero achar os animais vivos – diz.
O Seguinte: também apurou que, no condomínio, há testemunha de que os cães foram levados em um carro.
– Desconheço essa versão da história. Não foi bem assim – disse Roger Correa ao Seguinte:, na manhã desta segunda.
Mas logo o contato caiu e o vereador não atendeu mais às ligações e aos pedidos de entrevista feitos por mensagens de WhatsApp.
Ao fim, reputo Roger deveria explicar publicamente o que aconteceu; se um mal-entendido, um acidente, ou, garantindo sempre a sagrada presunção da inocência, um crime.
É o presidente do legislativo da quarta economia do Rio Grande do Sul.
Não é pouca coisa.
Para quem não sabe, os animais são dotados de proteção jurídica, e por este motivo, objeto juridicamente tutelado de alguns crimes, sendo protegidos pelo artigo 225 da Constituição Federal de 1988.
O artigo 164 do Código Penal, que caracterizava a conduta do abandono no artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº. 9.605/1998), e previa pena de detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano a quem praticar o que for considerado maus tratos contra animais, foi alterado pela Lei 14064/20, que aumentou a pena para 2 a 5 anos de reclusão, mais multa. Se resultar na morte do animal, a penalização pode ser ampliada em até 1/3.
Torcendo para que as cadelinhas não apareçam atropeladas na estrada, sigo aguardando a versão completa do presidente da Câmara. Talvez Roger não esteja com tempo para ligar porque está ajudando a procurar os bichinhos.