Raul, esse texto é pra você. Espero que leia quando essa rede social for apenas um resquício de uma tecnologia passada e retrô. Um texto que fala sobre a primeira vez que você entrou em um estádio comigo. E foi no maior templo do futebol.
Quando entrou pela primeira vez no Maracanã, você estava sobre os meus ombros. Ao ver a imensidão do estádio e aquela multidão formada por torcedores, arregalou os olhos e exclamou uma vogal. Só vi porque filmei num antigo aparelho celular.
Em 90 minutos e aos 3 anos, você podia incomodar muita gente. Queria tocar com a banda, queria picolé, queria biscoito, água.
Em 90 minutos, a gente brigou algumas vezes, porque você simplesmente não parava. Mas a gente se reconciliou. E que reconciliação! Segurei você no colo e gritamos "gol" juntos. Um grito com tudo que havia nos pulmões e com tudo que havia de alegria. Um grito de arrepio e sorriso.
Não pude acompanhar o jogo, porque precisava correr atrás de você como o Geromel, o maior zagueiro que vi jogar pelo Grêmio, perseguia os atacantes adversários naquela época. Descemos a rampa do estádio correndo e repetindo cantos da torcida aos gritos. Você ria e me repetia, em ziguezague, imitando um avião com os braços.
Quando escrevi esse texto, já tínhamos ido a dois jogos. Os dois contra o Fluminense e com vitória. Espero que tenham sido as primeiras de muitas recordações. E que agora você possa lembrar de algumas delas com um sorriso.
Fiz o sacrifício de deixar aquilo que acontece dentro do gramado em segundo plano para compartilhar com o meu filho uma paixão. Mas você acabou renovando a minha própria paixão pelo Grêmio e por futebol.
E há quem diga que futebol é só futebol.