O telefone da servidora pública Tatiane Pereira dos Santos, 41 anos, não para de tocar desde ontem. Muitos amigos, colegas de trabalho e parentes querendo saber notícias. E embora não desejasse, a primeira ligação recebida estava sendo aguardada. Na noite da terça-feira (24), a Vigilância municipal em Saúde de Gravataí confirmou que ela é a primeira moradora do município infectada pelo novo coronavírus.
– Eu estava assistindo a transmissão do prefeito no Facebook, e quando ele começou a falar que havia um caso confirmado, eu disse pro meu marido que era eu. Um minuto depois que a live acabou, a Vigilância me ligou – revela.
Tatiane, o esposo e a filha adolescente estão em isolamento desde a terça-feira (17), quando começou a sentir os sintomas. Na quinta-feira (19), procurou o hospital Dom João Becker, onde realizou exames.
– Eu sentia dor de cabeça e dor de garganta, tinha tosse, mas em nenhum momento tive febre. Meu marido também tem sintomas, mas está bem – tranquiliza.
A servidora, que trabalha na prefeitura de Cachoeirinha, estava com a família em um cruzeiro pela costa brasileira. Foram sete dias de viagem e, até o retorno no domingo (15), não percebera nenhuma alteração em seu estado de saúde.
– Fomos em grupo, umas 50 pessoas de Cachoeirinha, Gravataí e outras cidades. A viagem estava planejada há mais de um ano. Quando embarcamos, a situação do corona não estava tão grave. Mesmo assim, a equipe do navio pedia que mantivéssemos as precauções, como usar o álcool em gel, mas ninguém aparentava estar doente – relata.
Sobre a sensação de estar infectada com o vírus, Tatiane cita os efeitos físicos. Para ela, o pior incômodo é a dor constante pelo corpo.
– É muita dor no corpo, algo sem explicação – diz, ressaltando que seu estado geral de saúde é bom.
Mesmo não estando no grupo de risco, conta que está em constante monitoramento da Vigilância municipal.
– O município faz contato todos os dias, preciso elogiar o atendimento da Vigilância, e o atendimento do Dom João Becker.
Ao finalizar, Tatiane reforça o alerta para que a população leve a doença a sério. Pede empatia e responsabilidade.
– É (um vírus) silencioso, muito perigoso. As pessoas não estão levando a sério, não é hora de espalhar notícia falsa. Chega a ser irônico… pensamos que nunca vai acontecer com a gente, e, entre duzentos e tantos mil habitantes, fui a primeira “contemplada”. É a prova de que ninguém está livre. Fica a lição, precisamos de mais empatia e responsabilidade de todos – completa.
Demais passageiros
O vice-prefeito de Cachoeirinha, Maurício Medeiros, e a esposa estavam no cruzeiro pela costa brasileira junto com a moradora de Gravataí que testou positivo para o coronavírus. Os dois estão em isolamento desde o início da semana passada, e a coleta de material para testagem do vírus ocorreu no dia 20. A esposa já está fora de suspeita.
O Seguinte: tenta contato com a Secretaria da Saúde do RS para confirmar as condições médicas dos demais integrantes do grupo que participou do cruzeiro maritimo.
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