Educar pensando no meio ambiente e em uma construção coletiva que busque a preservação, este é um dos objetivos do Barco-Escola, iniciativa do projeto Rio Limpo. Na última quarta-feira, 10, duas viagens pelo rio Gravataí foram realizadas pelo barco. Nelas, toda a equipe pedagógica da Secretaria Municipal de Educação (Smed) pôde conhecer o projeto e aprender sobre as águas que banham o município, para, assim, levar este conhecimento às salas de aula.
Possível por meio do termo de fomento 04/2023 aprovado pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente (CMMA) junto a Associação de Preservação da Natureza – Vale do Gravataí (APNVG), a iniciativa visa fomentar a educação ambiental por meio de palestras para as escolas municipais. Após realizadas as viagens pedagógicas com os professores, os alunos irão também participar dos passeios no Barco-Escola, conforme cronograma proposto pela SMED.

De acordo com o secretário de Meio Ambiente de Gravataí (Sema), Diego Moraes, este é um projeto importante como auxílio na educação ambiental junto aos alunos e professores das escolas municipais.
– Esta é uma das várias ações que iremos realizar durante o ano. Nesse passeio são abordados temas como a destinação correta dos resíduos, além do histórico e panorama de nosso Rio Gravataí – disse.

A viagem no Barco-Escola
Guiada pelo coordenador geral do projeto Rio Limpo, o geólogo Sérgio Cardoso, e pela coordenadora executiva, a bióloga Norine, a viagem de 1h30 de duração, e com linguagem adaptada para cada público que embarca no passeio, percorre a maior unidade de conservação do Rio Grande do Sul, a Área de Proteção Ambiental (APA) do Banhado Grande.
Com o objetivo educar e buscar, em parceria com a comunidade, a conscientização sobre a necessidade da preservação do rio, o projeto utiliza da observação dos viajantes do barco ao longo do trajeto para explicar a importância da preservação da vegetação nativa, matas ciliares (florestas, ou outros tipos de cobertura vegetal nativa, que ficam às margens dos rios como uma forma de proteção a eles), solo local e lagoas marginais (áreas inundadas pelos rios durante os períodos chuvosos).

Já no início da viagem, Norine esclarece que ao navegar pelo rio, além de adentrar a área da APA, os limites de três municípios são cruzados: Gravataí, Alvorada e Viamão.
Onde também se observa uma zona de transição do bioma pampa, com um percentual de quase 90% de ocupação em Gravataí, e o restante de remanescentes de mata atlântica.
– Quando pensamos nesta transição junto de um ecossistema aquático, de água doce, podemos pensar na riqueza de vida que existe neste rio. Não apenas em situação de vegetação, mas principalmente da fauna. Possuímos aqui três ambientes distintos, com caracterização de fauna distintos e que, de certa forma, interagem, nas águas, nas margens e nas lagoas marginais do rio Gravataí – explicou a bióloga.
Enquanto o barco navega pelas águas, ela chama atenção para o errôneo pensamento, que ainda existe, de que o Gravataí é um rio morto, sem vida ou completamente poluído.
– Apenas de maneira oficial, nós temos o registro de mais de 150 espécies de peixes, além da alta gama de fauna terrestre associada ao rio – pontuou.

Durante o passeio, ainda é possível observar o ponto de captação de água que abastece o município. De acordo com os guias, mais de 45% de Gravataí é abastecido com as águas dali.
– O rio que a população conhece é o que se tem visibilidade ao andar pela cidade, com resíduos, fétido e de águas escuras. Nós queremos que a população conheça este rio, com vida. E ele pode melhorar em seus trechos poluídos, quando a gente conseguir compreender qual o nosso papel, enquanto população, na gestão dos resíduos sólidos e o importante papel das autoridades no saneamento – concluiu Norine.