A Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Cruz, localizada no Distrito de Morungava, em Gravataí, foi palco do lançamento do Projeto Momento ERER (Educação para as Relações Étnico-Raciais) nesta quarta- feira (11). A iniciativa, promovida pela Secretaria Municipal de Educação (Smed) por meio de sua Assessoria de Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento (Stid), contou com a presença da escritora Angela Maria Xavier Freitas, autora da obra Jerá Poty, que encantou os cerca de 120 alunos do pré I ao 5º ano.
A atividade inaugural mergulhou os estudantes no universo indígena brasileiro através da contação de histórias feita pela própria autora. Jerá Poty, narrativa sobre uma jovem indígena, foi apresentada de forma lúdica e interativa, cativando a plateia infantil. Após a leitura, as crianças compartilharam interpretações, expressaram curiosidades sobre a cultura retratada e até refletiram sobre seus próprios sonhos profissionais, inspiradas pela personagem principal.
Combate ao racismo e valorização das raízes
A secretária municipal adjunta de Educação, Luciana Raupp, destacou o propósito do projeto: “Através da educação, buscamos enfrentar o racismo, ensinar sobre diferenças culturais e promover inclusão. A escola é essencial na luta pela igualdade racial – um processo contínuo que exige engajamento de todos para um mundo mais justo”.
Tuane Dihl, coordenadora da Stid, reforçou a importância de ações permanentes: “Visamos combater o racismo, promover inclusão e ensinar sobre diversidade étnico-racial, com foco na história e cultura africana e indígena”.
O Momento ERER ocorrerá todas as segundas e terças-feiras na EMEF Santa Cruz, seguindo um cronograma que se estenderá por outras escolas da rede municipal. Conforme explicou Tuane Dihl, mensalmente será dedicada uma hora no turno da manhã e outra à tarde para atividades que incluem: leitura de obras indicadas pela Smed; brincadeiras tradicionais; oficinas de culinária afro-brasileira e indígena; além de discussões sobre identidade e representatividade.
Escola Quilombola como espaço prioritário
A diretora Jaqueline dos Santos Alves ressaltou a relevância do projeto para a EMEF Santa Cruz, que atende crianças da comunidade quilombola local: “Como somos uma escola quilombola e trabalhamos mensalmente com narrativas culturais, surgiu o interesse em trazer o projeto. Nossa supervisora, Kiria Teixeira, articulou com a Smed”.
Carine Lemos, assessora pedagógica da Stid, definiu o projeto como sementeira de transformação: “É o reconhecimento da contribuição histórica dos povos originários e africanos. Propomos trabalhar, desde a educação infantil, a autoestima e o empoderamento de crianças pretas, pardas e indígenas, além do respeito essencial para que todas floresçam como sujeitos potentes”.
Com atividades estruturadas para resgatar e valorizar matrizes culturais frequentemente marginalizadas, o Momento ERER consolida-se como política educacional estratégica na rede municipal. A expectativa é que, ao longo do ano, mais escolas integrem o projeto, cumprindo o objetivo declarado pela Stid: “que todas as escolas façam” essa jornada pela equidade racial.