opinião

Projeto de Orgulho Gay em Gravataí; o Stonewall da Câmara

Paulinho da Farmácia em casa, com a esposa Carla e o cão Thor

Printe & Arquive na Nuvem.

O Stonewall Inn da Câmara de Gravataí, se acontecer, será com vereadores fugindo do plenário para não ter que votar, contra, mas também a favor.

Na conservadora casa legislativa, onde já se proibiu ‘certos tipos’ de manifestações artísticas, como tratei nos artigos Vereadores de Gravataí legislam até sobre conteúdo libidinoso e Agora é lei proibição de menores, mesmo com pais, em certas exposições, veio do insuspeito Paulinho da Farmácia (MDB) a proposta de incluir no calendário oficial do município o “Dia de Conscientização do Orgulho LGBT+”.

Na justificativa do projeto de lei n° 66/2019, o vereador contextualiza que, no dia 28 de junho, celebra-se o dia internacional de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros, “popularmente conhecido como Orgulho Gay”. Em 1969, na chamada ‘Revolta de Stonewall’, os frequentadores LGBTs reagiram aos ataques de policiais que promoviam freqüentes e humilhantes batidas no bar de Nova Iorque.

– A criação da data tem como objetivos conscientizar a população gravataiense sobre a importância do combate à homofobia e lutar por uma sociedade livre de preconceitos e igualitária, independentemente de sua identidade de gênero e/ou orientação sexual. O dia também pretende reforçar a todos a importância de respeitar as diferenças e assegurar o legítimo direito de cidadania. A Constituição Federal garante a promoção do bem de todos, sem preconceitos e quaisquer formas de discriminação – grafa a justificativa do PL que aguarda parecer da Comissão de Justiça e Redação e da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor.

Trato Paulinho como insuspeito, porque não é um político de esquerda e que tenha pautas identitárias como bandeiras. O afilhado de Sérgio Zambiasi não tem nada de Jan Wyllys e, possivelmente, deve estar desviando de zombarias tanto nos corredores da Câmara, como da Rádio Caiçara.

Nada surpreendente quando há dois milênios se usam partes da Bíblia para justificar preconceitos e credos. Em Homofobia: onde fica o amor de Jesus?, Arthur Gandini lembra que o principal texto bíblico usado para dizer que a homossexualidade é pecado (Levítico 18:22) também fala que é pecado cortar o cabelo, fazer a barba, comer carne de porco e ver a mãe e a irmã nuas.

Acredito que só ser gay resiste como pecado, não?

No Novo Testamento, o apóstolo Paulo, tão citado por Jair Bolsonaro, afirma que a homossexualidade é pecado (Romanos 1:27). Mas também diz outras coisas como que a mulher deveria ser subjugada ao homem (Colossenses 3:18). Ou que escravos devem ser obedientes aos seus senhores.

Frei Beto, em Jesus, os gays e a Bíblia, também lembra que “ontem cristãos acusavam os judeus de assassinos de Jesus; condenavam ao limbo crianças mortas sem batismo; consideravam legítima a escravidão e censuravam o empréstimo a juros”.

Em Gravataí, pelos votos e repercussões, testemunharemos a existência ou não fiscais do derière alheio. Mas, cuidado com a ‘liberdade de expressão’, viu: celebrou-se sexta o Dia do Orgulho LGBT+ com a homofobia criminalizada.

Ao fim, parabéns, Paulinho! É preciso a coragem e legitimidade de vereador mais votado para apresentar um projeto com essa temática na Gravataí onde a medida do conservadorismo pode ser estimada nos sete a cada dez votos que foram para o ‘mito’ ano passado.

Se todos são filhos de Deus, fico com o que teria dito um tal de Jesus:

 – A lei é feita para a pessoa, e não a pessoa para a lei.

 

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