Eu estive pronto para o amor num dia ébrio
Olhos de fogo como o vôo de pombas contra janelas fechadas
Correria nas escadas dos correrios da juventude festejada
Eu estive pronto para a camaradagem num dia ébrio
eu estive pronto para o amor num dia ébrio
observando aranhas chocarem seus ovos como um olho de vidro
sentindo as vibrações doerem em minha nuca de proletário sério
eu não fui ao trabalho nesse dia ébrio
preferi me converter ao perfume adocicado e acre das partes do corpo que não conhecia
calçar vertigens como o pescador calça suas sandálias de correntes marítimas
preferi eu mesmo acender as velas para o sacrifício da higiene para que siga perene
a descoberta do fulgor carnívoro e nada duradouro do desejo em si mesmo
Sim
Eu estive pronto para o amor num dia ébrio.
Assista ao vídeo-poema "Hoje não vou levantar da cama"