A partir dos primeiros minutos desta quarta, 1º de julho, o Pronto Atendimento 24 Horas da Avenida Brasil, com a RS-118, fechará as portas para atendimento clínico, pediátricos, psiquiátricos e de urgência e emergência, e funcionará como um ‘segundo hospital de campanha’, exclusivo para paciente em casos “intermediários” da COVID-19.
Antecipei ontem a mudança no fluxo de atendimento, que mexe com toda a rede municipal de saúde, em 24 Horas será ’segundo hospital de campanha’ no plano para Gravataí reabrir comércio. A confirmação foi dada nesta noite em live pelo prefeito Marco Alba e o secretário da Saúde Jean Torman.
Pelo novo plano de contingência da pandemia, pacientes com sintomas gripais devem procurar o hospital de campanha, anexo ao Dom João Becker, na Dr. Luiz Bastos do Prado, que tem estrutura para realização dos exames de testagem e imagem necessários.
Feita a triagem, pacientes graves ficam internados no hospital de campanha, cujo recebimento de 15 respiradores do Ministério da Saúde é programado para esta semana, e terá 10 leitos de UTI, além de outros 10 que serão instalados dentro do Becker.
– Serão 20 leitos de tratamento intensivo, capazes de tratar pacientes com necessidade de ventilação mecânica e, no total, 39 novos leitos para COVID-19 – projeta Jean Torman, secretário da Saúde.
O hospital de campanha também é estruturado para tratar pacientes sem sintomas graves em ambulatório isolado da área de internação, ou orientar para a quarentena domiciliar.
Pacientes em “estado intermediário” serão transportados para o 24 Horas para dar continuidade ao tratamento em 29 leitos, 18 deles para adultos e 11 pediátricos.
Os serviços de clínica geral, pediatria e psiquiatria, que funcionavam no 24 Horas, serão direcionados para a UPA Abílio dos Santos, na parada 76 da Av. Dorival de Oliveira. A estrutura estava funcionando com 50% da capacidade, devido à reserva de atendimento para COVID-19, o que a partir desta quarta não será mais feito no local. Já o HDJB continua com as portas abertas na emergência, na José Loureiro da Silva, para receber pacientes sem suspeita do novo coronavírus.
– O objetivo é não misturar pacientes e garantir tratamento adequado e com segurança, tanto para as pessoas que procuram a rede de saúde, como para os profissionais da saúde – explica o secretário, reafirmando o argumento que usou quando, no artigo anterior, questionei-o sobre o temor de servidores do 24 Horas de que o fechamento das portas de urgência e emergência seja o início do fim da tradicional estrutura como “portas abertas”.
– Já tivemos profissionais infectados no 24H. Com o novo fluxo, as equipes terão espaços físicos adequados e os devidos EPIs (equipamentos de proteção individual). Um exemplo é o que ocorreu na UTI do Becker. Médicos testaram positivo para a COVID-19, mas nenhum paciente contraiu o vírus, não houve surto – comparou Jean Torman.
– Estamos aumentando o número de leitos, já que os hospitais referenciados para tratar a COVID-19 (Clínicas e Conceição, em Porto Alegre; Universitário, em Canoas) estão praticamente lotados e não darão conta com a chegada do inverno. São medidas para garantir o atendimento da nossa comunidade – resumiu o prefeito Marco Alba, que também agradeceu a população por ter evitado frequentar praças, parques e campinhos de futebol no fim de semana, e já sob a bandeira vermelha no Distanciamento Controlado do Governo do RS.
– Assim vai ser menos impactante enfrentamos momentos difíceis que vem por aí.
No último dia do pior mês da COVID-19, como tratei hoje em É hora de reabrir comércio em Gravataí e Cachoeirinha? Contágio cresce 300 por cento e há 17 mortes, Gravataí chegou a 400 casos, com 11 óbitos, 20 internados em tratamento hospitalar mais grave e 147 recuperados. Conforme relatório da Secretaria Municipal da Saúde, o hospital de campanha tem capacidade de atendimento de 198 pacientes por dia e “não alcançou limite” e “apenas casos de internações respiratórias acumularam a ponto de completar vagas na enfermaria”. Parte dos pacientes agora serão encaminhados ao 24 Horas.
O mesmo relatório, que embasou o recurso feito pela Prefeitura, e negado pelo Estado, para retornar à bandeira laranja, também detalha o reforço na atenção primária, que é a porta de entrada de atendimentos respiratórios leves e moderados nas unidades básicas de saúde e nas unidades de saúde da família: “Havia falta de 10 médicos de saúde da família (carga horária de 40h semanais que equivalem a capacidade de 120 atendimentos semanais por profissional), 6 clínicos (carga horária de 20h semanais que equivalem à capacidade de 60 atendimentos semanais por profissional), 5 médicos do Programa Mais Médicos (carga horária de 32h semanais, que equivalem à capacidade de 96 atendimentos semanais por profissional). Nesta semana completamos o chamamento de todos profissionais, gerando mais 2.040 atendimentos semanais”.
Ao fim, lembrei de Millôr, que em verbete sobre otimismo dizia que a vida é se atirar do décimo andar e, ao passar pelo oitavo, constatar: “até aqui tudo bem”. E ao chegar ao segundo andar, refletir: “Bem, se eu não me machuquei até aqui não é nesse pedacinho à toa que eu vou me arrebentar”.
Inegável é que na maior crise sanitária e econômica da história moderna da humanidade tem se debatido o número de UTIs tanto quanto as botinadas no GreNal. Que além do legado de investimento em novas estruturas, reste também maior reconhecimento de que o SUS, maior programa de saúde do mundo, precisa ser protegido – jamais por um teto de gastos.
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