PV lança Stasinski candidato à Prefeitura de Gravataí; A II Guerra Política ressuscitada e Bordignon sob as sombra das flechas

O PV lançou o ex-prefeito e ex-deputado estadual Sérgio Stasinski à Prefeitura de Gravataí, em reunião partidária na noite desta terça-feira.

– É uma candidatura que representa o governo Lula e tem currículo político e realizações em Gravataí – disse Calebe Guimarães, presidente municipal, em áudio enviado ao Seguinte:.

– A esquerda já teve a hegemonia da política municipal e hoje não tem representante legítimo de Lula na Prefeitura ou Câmara de Vereadores – acrescentou, concluindo que “PV, PCdoB e PT tem legitimidade para lançar suas candidaturas”.

Stasinski e Joice Dornelles, esposa do presidente estadual do PV e ex-vereador Márcio Souza, um dos artífices da cassação da prefeita Rita Sanco (PT) em 2011, foram delegados para conversar com a federação partidária.

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Vamos agora aos bastidores e análise.

Reputo o lançamento é um golpe em Daniel Bordignon, pré-candidato a prefeito pelo PT, partido que integra com os verdes e o PCdoB a federação partidária que definirá candidatura em conjunto para 2024.

Antevejo um movimento para tentar uma cassação política do petista, hoje liberado juridicamente para disputar eleições após impugnações de candidaturas que se arrastam desde 2008 e lhe impediram de assumir mesmo vencendo nas urnas a eleição de 2016.

Basta conhecer a aldeia e as personagens.

Prefeito entre 2005 e 2008, Stasinski foi impedido de concorrer à reeleição por Bordignon, que tinha sido seu ‘Grande Eleitor’ nas campanhas para a Assembleia Legislativa (2002) e para a Prefeitura (2004).

Alvo político do ex-prefeito, Stasinski não conseguiu ser eleito sequer vereador após a deflagração daquela que chamo II Guerra Política de Gravataí, Bordignon x Stasinski – a I foi entre Abílio e os Oliveira e a III vivemos hoje, entre o prefeito Luiz Zaffalon (PSDB) e o ex-prefeito Marco Alba (MDB).

Institucionalmente, o PV não faz críticas à candidatura de Bordignon.

Porém, a amigos, o presidente Calebe, um dos secretários mais influentes no governo Stasinski e também inimigo figadal de Bordignon, já teria dito que “falta segurança política” para apoiar o petista como representante do governo Lula.

No WhatsApp de seu celular guarda vídeo no qual a esposa de Daniel, Rosane Bordignon, disse, em outubro de 2019, na tribuna da Câmara de Vereadores, que no PT só tinha “ladrão e defensor de ladrão”; à época a vereadora era vice na chapa de Anabel Lorenzi, os três filiados ao PDT.

Tem também artigo que publiquei no Seguinte: sobre a polêmica, PT só tem ladrão e defensor de ladrão, diz Rosane Bordignon; os perigos desse discurso.

Calebe também já teria questionado a capacidade de esclarecimento à comunidade sobre a “segurança jurídica” de uma candidatura de Bordignon, apesar do ex-prefeito já ter cumprido sua pena e não ter mais impedimentos legais, como tratei semana passada em TRF4 decide que Bordignon não precisa pagar custo de 200 mil da eleição suplementar de 2017; O ‘Lula Livre Gravataí 2024’.

Fato é que, não fossem tantas contas do passado, o lançamento de Stasinski até poderia ser visto como estratégia de um partido da federação para fortalecer um nome para ser vice.

Mas vai além do inimaginável a reedição da chapa Bordignon-Stasinski, vitoriosa na eleição de 2000.

Parece-me mais uma tentativa de, se não for possível ‘cassar’ politicamente a candidatura de Bordignon, enfraquece-la, demonstrando um isolamento político do ex-prefeito.

Aguardemos a gestão da crise pelo PCdoB, que preside a federação neste ano eleitoral.

Ao fim, resta Bordignon em seu calvário, quando não jurídico, político. Vai para mais uma eleição onde a única sombra que experimenta é sob as flechas.