RAFAEL MARTINELLI

Quando os vereadores de Gravataí aprovam a hipocrisia; A diferença entre as moções sobre salários de professores e policiais

A hipocrisia das ‘moções’ de apoio ou repúdio da Câmara de Vereadores de Gravataí resta comprovada em três votações e na retirada de uma das propostas.

Explico.

Dia 9, os parlamentares aprovaram “moção de apoio a reposição inflacionária de 32% ao efetivo da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros do estado do Rio Grande do Sul”, proposta por Roger Correa (PP).

Só Dilamar Soares (PDT) não estava no plenário.

Nesta quinta, aprovaram “Moção de Apoio aos Policiais Civis do Estado do Rio Grande do Sul”, proposta por Bombeiro Batista (Republicanos), que também cobrava reposição salarial.

Foi aprovada com 14 votos favoráveis, quatro abstenções e somente o voto contrário de Dila.

Outra moção, igual a de Roger, foi retirada pelo autor, Bombeiro.

Já moção que apoiava o pagamento do piso do magistério sem a revogação da lei de níveis e a repercussão nas carreiras, que tem como efeito o ‘piso em cascata’, foi reprovada por 11 votos, uma série de ausências e até alegação de ‘falta de luz’ no iPhone.

Onde resta a hipocrisia?

Vereadores que se associam ao governo Luiz Zaffalon (PSDB) na alegação de que a Prefeitura não tem recursos para pagar o ‘piso em cascata’, aprovaram moções defendendo que o governador Eduardo Leite (PSDB) garanta reposição salarial a policiais e bombeiros.

Nas justificativas das moções a favor do aumento dos policiais, as alegações eram praticamente as mesmas dos professores: garantia de um plano de carreira e reposição das perdas sofridas com reforma da previdência e plano de saúde – lá o IPE, aqui o IPG.

Não ouvi ninguém, além de Dila, que votou contra as moções, alertar para a necessidade de se fazer um debate responsável, sob a ‘ideologia dos números’, porque, além dos funcionários públicos municipais, estaduais e federais serem iguais, é preciso orçamento público para bancar os salários.

Inscreve-se Dos Grandes Lances dos Piores Momentos o fato de que os 21 vereadores têm ligações com o governo Leite. Oposicionistas, por exemplo, defenderam o ‘piso em cascata’ em Gravataí, mas não fizeram a mesma cobrança em relação ao governo estadual onde tem cargos.

Esse comportamento dos vereadores enfraquece as moções de apoio ou repúdio.

Usam para agradar uns e depois outros, não mantém os mesmos critérios quando são governo ou oposição, criam polêmicas inúteis para caçar cliques no Grande Tribunal das Redes Sociais (quando não alimentam ódios), e, com isso, atiram no lixo um instrumento que poderia demonstrar o posicionamento do legislativo da quarta economia gaúcha em questões importantes.

Reputo moções da Câmara estão valendo pouco ou nada. Afinal, o que é defendido hoje, pode hoje mesmo ser combatido pelos vereadores. E com os mesmos votos. Um ‘engana bobo’.

Assista a sessão completa


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