RAFAEL MARTINELLI

Quando seu prefeito ou vereador pedir voto para um deputado, pergunte o que acha da ‘PEC da Bandidagem’ — e do PCC

A Câmara dos Deputados avança para se tornar um sindicato do crime. Na calada da noite desta terça-feira, por 344 votos a 133, os deputados federais aprovaram a chamada ‘PEC da Blindagem’ — apelidada nas redes sociais de ‘PEC da Bandidagem’.

O texto devolve ao Congresso o poder de decidir se um parlamentar poderá ou não ser processado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na prática, trata-se da institucionalização da impunidade — inclusive para crimes hediondos, do estupro ao assassinato, passando pela pedofilia e deixando de troco a corrupção.

A medida não para em Brasília. Pela Constituição, as regras de imunidade aplicadas a deputados federais e senadores também se estendem automaticamente a deputados estaduais.

Isso significa que Assembleias Legislativas em todo o país poderão blindar seus membros de investigações criminais, abrindo espaço ainda maior para infiltração do crime organizado na política local.

A lógica pode alcançar até vereadores, já que a definição de seus salários, regimentos e prerrogativas se baseia diretamente nos parlamentos estaduais e federais.

Outro ponto escandaloso é a ampliação do foro privilegiado para presidentes de partidos políticos — dirigentes de entidades privadas que, por vezes sem votos, administram bilhões em recursos públicos oriundos do fundo eleitoral.

Entre 1988 e 2001, quando vigorava regra semelhante, o STF fez 220 pedidos de investigação contra parlamentares. O Congresso autorizou apenas um. Esse é o retrato do que está por vir: uma blindagem quase absoluta.

Se aprovada também no Senado, a PEC criará um ambiente perfeito para que líderes de facções criminosas usem mandatos como escudo contra a Justiça. O Congresso pode virar, por exemplo, o endereço mais seguro para membros do PCC.

Houve uma breve vitória da transparência quando a Câmara rejeitou a possibilidade de votação secreta nesses casos, em uma inusitada manobra articulada conjuntamente pelo PT e o Novo. Mas deputados já articulam reverter essa decisão e restabelecer o sigilo, permitindo que deputados e senadores protejam seus pares nas sombras.

Caso isso avance, a sociedade não terá como saber quem está votando pela impunidade.

A seguir, os votos dos representantes do Rio Grande do Sul. Que cada eleitor guarde esses nomes quando for abordado por seu vereador, prefeito ou deputado pedindo votos nas próximas eleições.

A FAVOR da ‘PEC da Bandidagem

  • Afonso Hamm (PP)
  • Alceu Moreira (MDB)
  • Any Ortiz (Cidadania)
  • Bibo Nunes (PL)
  • Danrlei De Deus Hinterholz (PSD)
  • Covatti Filho (PP)
  • Franciane Bayer (Republicanos)
  • Giovani Cherini (PL)
  • Luiz Carlos Busato (União Brasil)
  • Márcio Biolchi (MDB)
  • Marcelo Moraes (PL)
  • Mauricio Marcon (Podemos)
  • Osmar Terra (PL)
  • Pedro Westphalen (PP)
  • Ronaldo Nogueira (Republicanos)
  • Sanderson (PL)
  • Zucco (PL)

CONTRA a ‘PEC da Bandidagem

  • Afonso Motta (PDT)
  • Alexandre Lindenmeyer (PT)
  • Bohn Gass (PT)
  • Daniel Trzeciak (PSDB)
  • Daiana Santos (PCdoB)
  • Denise Pessôa (PT)
  • Fernanda Melchionna (PSOL)
  • Marcel van Hattem (Novo)
  • Lucas Redecker (PSDB)
  • Marcon (PT)
  • Maria do Rosário (PT)
  • Paulo Pimenta (PT)
  • Pompeu de Mattos (PDT)

Ausente

  • Heitor Schuch (PSB)

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