O saci foi adotado como símbolo do Inter no final da década de 1960, depois de uma descoberta na rouparia do futebol do antigo Estádio dos Eucaliptos. Ali, o roupeiro Antônio Rosa da Silva guardava um feio boneco de cerâmica, com 30 centímetros de altura, de um negro gordo, de calção branco, camiseta vermelha com distintivo no meio do peito, apenas um dente, gorro vermelho, fumando cachimbo. Tinha só uma perna: nem direita e nem esquerda, mas sustentando o corpo no meio.
Seu Rosa tinha chegado ao Inter em 1959, e contava que o Saci tinha pertencid a um funcionário ainda mais antigo no clube, o cozinheiro da concentração do Eucaliptos desde 1951, Oscar. Quando o Inter se mudou para o Beira-Rio, o boneco foi junto. Passou depois aos cuidados do novo roupeiro, Gentil Souza dos Passos, antigo auxiliar de Antônio Rosa.
Na verdade, o saci descoberto no Eucaliptos era uma peça de umbanda. Nos primeiros anos do Beira-Rio, os jogadores do Inter chamavam debochadamente o boneco de Claudiomiro, e o grande centroavante ficava furioso. Mas parecia mesmo! Em 1968, no ano anterior à inauguração do Beira-Rio, o Inter abriu o Restaurante Sacy – com y, e só para os trabalhadores da construção do estádio, depois churrascaria para o público em geral (o clube foi multado por falta de alvará). O dirigente Guilherme Sibemberg aproveitou para botar o nome numa loja.
Mas o personagem Saci Pererê, criado por Monteiro Lobato em 1921 e adaptado por Simões Lopes Neto na história gauchesca do Negrinho do Pastoreio, não foi o primeiro mascote colorado. Em 1948, o chargista Sampaio criou nos jornais da Caldas Júnior o Diabinho, referência aos “diabos rubros” do Inter, também o “clube dos negrinhos”. O Saci ficou oficializado em 1988, quando o Clube dos 13 encomendou ao cartunista Ziraldo uma versão mais moderna dos mascotes de todos os seus times.
Quem diria que agora ele acabaria virando X9!!!