Dias atrás, contei, aqui, três histórias relacionadas com minha falta de coordenação motora e, ao publicar a coluna no meu perfil do Facebook, Bruno, meu filho, sugeriu que contasse, também, a da argamassa; minha amiga Tuca lembrou a da bandeja e minha irmã Bia, a do gato.
Então, aqui vão elas.
Eu adoro ler e faço isto nos mais variados lugares, inclusive quando caminho pelas ruas. Então, uma manhã, saí da casa em que vivia, na Rua Guarani, em Cachoeirinha, cruzei para a outra calçada, que era mais regular, abri o jornal e segui caminhando em direção à Av. Flores da Cunha, onde pegaria o ônibus para Porto Alegre, onde trabalho.
Como conhecia aquela calçada de cor, ia bem distraída, não me dei conta de que haviam depositado um monte de argamassa diante de uma casa que estava sendo reformada e acabei caindo de cara sobre ele.
Voltei, então, pra casa. O Bruno me acolheu, assustado, e me ajudou a ir até o banheiro, onde vi que tinha argamassa até nos cílios. Depois de alguns momentos, já refeita do susto, banhada e vestida de novo, eu me preparava para sair, e ele gritou: “Sônia Zanchetta, garanto que estavas lendo na rua de novo! Isto ainda vai acabar mal!”. Eu eu respondi: “Estava sim e não vou parar de fazer isto. É uma delícia!”.
Tive mais dois tombos por estar lendo na rua. Um, sem maiores consequências, no Centro de Porto Alegre, e outro, do qual fiquei com uma sequelinha, na Av. Flores da Cunha, em Cachoeirinha.
Ocorre que vinha, mais uma vez, lendo tranquilamente, em uma calçada que conhecia de ponta a ponta, e, de repente, me estatelei sobre uma rampa de acesso que haviam instalado, no dia anterior, na frente da loja Daiane.
Dessa vez, machuquei minha mão esquerda, mas, como conseguia dobrar todos os dedos, achei que não era nada demais. Só que algo houve, porque, com o tempo, a falangeta do dedo médio foi ficando deformada. Ossos do ofício…
O caso da bandeja ocorreu no Bangalô, um salão de chá que mantive alguns anos em sociedade com a Tuca, lá em Quito. Um dia, eu estava atendendo os clientes apressadamente, pois havia muita gente, e, depois de recolher a louça de uma mesa, dei uma baita resbalada no piso de tábuas encerado, fui ao chão, e tudo o que havia na bandeja voou pelos ares e caiu sobre mim.
Ao me levantar, amparada por alguns clientes, corri para o banheiro, certa de que estava com a cabeça rachada, pois escorria um líquido quente pelo meu rosto. Era chá.
E a do gato ocorreu quando eu era adolescente. Um dia, ao voltar do colégio, meus irmãos Toni e Davi saíram correndo para o quintal e se fecharam na lavanderia. Imaginando que haviam feito algo grave, fui atrás deles e gritei até que abriram a porta.
Lá, encontrei o Alemão, meu gato amado, pintado com a tinta verde bandeira que estavam usando para pintar as venezianas da casa. No momento do flagrante, o Davi ajudava a segurar o gato e o Toni tratava de tirar a tinta do seu pelo com um trapo embebido em Isa Raz.
O cheiro era insuportável, e o gato estava apavorado. Então, enxotei os dois de lá e assumi o comando. Com sabão de coco, um pouco de água e uma esponja, lavei o Alemão como pude e o enrolei em uma toalha de banho do varal. Mas estava frio e não havia ou que o fizesse parar de tremer.
Sequei, abracei e consolei o gato, e nada. Então, não tive outro remédio do que passá-lo a ferro. Mas não se assustem, pois coloquei, antes, sobre ele, um tecido como os que a Rosa, que trabalhava lá em casa, costumava usar, quando passava alguma roupa delicada, para que não ficasse brilhosa.
E, sim, ele sobreviveu.