Dentro do kinder ovo da câmara de Gravataí não se fala em outra coisa que não seja a eleição para a presidência da câmara, que será na última sessão antes do recesso parlamentar, as ‘férias dos vereadores’, que se estende do dia 20 de dezembro até 31 de janeiro de 2019. O governo tem maioria, 13 entre os 21, mas a escolha do candidato está em disputa.
De um lado, há um grupo chamado ‘G-8’, que reúne vereadores governistas que não são do MDB: Airton Leal (PV), Bombeiro Batista (PSD), Evandro Soares (DEM), Fabio Ávila (PRB), Jô da Farmácia (PTB), Mario Peres (PSDB), Neri Faccin (PSDB) e Robertinho Andrade (PP). De outro, os parlamentares do partido do prefeito Marco Alba: Alan Vieira, Alex Tavares, Clebes Mendes, Paulinho da Farmácia e Nadir Rocha.
Do G-8, já manifestaram vontade de concorrer Bombeiro e Neri.
– O Marco já falou da preferência por um candidato do MDB no ano que vem. Mas ele não é de se meter nas coisas da câmara – conta ao Seguinte: um vereador do governo.
Se não for fakenews, a leitura possível é que o prefeito precisa compensar algum dos companheiros de partido por não terem concorrido a deputado, apoiando a candidatura da primeira-dama Patrícia Alba. 2019 seria o ano para isso, já que em 2020, ano eleitoral, poucos vereadores querem o compromisso de administrar a câmara enquanto precisam cuidar das campanhas à reeleição.
Puxando a fila do MDB estaria Paulinho da Farmácia, que em 2014 fez 13.228 concorrendo a deputado estadual, 9.227 deles em Gravataí, e sonhava concorrer à assembléia legislativa em 2018. Apostando em no futuro ‘ser enxergado pelo homem’, Alex Tavares também desistiu de concorrer após estar na lista dos três principais candidatos da Assembleia de Deus no estado.
Natural da negociação política, cada um tem sua conta para botar na mesa. O decano Nadir Rocha, apelidado de camerlengo da sé vacante por já ter assumido a prefeitura interinamente em 2011 e 2017, não esconde que é candidato a candidato a prefeito. Oferecer a ele a presidência pela quarta vez poderia acalmar o coração do veterano vereador. A situação de Clebes Mendes é parecida. Já disse a mais de uma pessoa que gostaria de concorrer a prefeito, sob a alcunha de ‘Bolsonaro da Aldeia’. A presidência garantiria que o vereador ficasse no MDB, já que ensaia sair do partido a cada janela de transferências que se abre.
E resta Alan. Uma aposta do governo no vereador de segundo mandato como presidente da câmara poderia significar que ele volta para a linha de sucessão, lugar que, quando foi eleito pela primeira vez em 2012, todos projetavam que poderia ser seu em 2020, como ‘filho do Marco’.
Pelo menos neste momento, não há indícios de conspirações que possam tirar do governo a presidência. Tocqueville já dizia que em política, a comunhão de ódios é quase sempre a base das amizades.
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