O prefeito Luiz Zaffalon (MDB) projeta uma tarifa de R$ 3,80 a partir de janeiro de 2022 nas linhas municipais, os ônibus branquinhos da Sogil. A redução em R$ 1 na passagem atual – congelada desde 2019 – terá como subsídio o pagamento das gratuidades pela Prefeitura de Gravataí. Hoje 4 a cada 10 usuários são isentos, o que, na média de 2021, corresponde a quase 90 mil pessoas.
O orçamento vem de vitória judicial em ação contra a Agência Nacional do Petróleo (ANP) que garantirá pelo menos R$ 12 milhões para o município em 2022.
O cálculo apresentado em entrevista coletiva nesta terça-feira é de que o aporte será cerca de R$ 300 mil mensais à Sogil, o que corresponde aos R$ 3,6 milhões já aprovados na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), como reportei em Sem mico, nem soberba: LDO com 70 mi de investimentos em Gravataí será aprovada na Câmara; Oposição contra pela ’pauta-bomba’ da Sogil.
Clique aqui para assistir a live completa da entrevista coletiva transmitida pelo Facebook do Seguinte:.
Caso seja aprovado pela Câmara o projeto de lei 99/2021, que autoriza investimento em programas de apoio à infraestrutura de mobilidade urbana e ao sistema de transporte público coletivo urbano de passageiros, repasses financeiros à concessionária não precisão mais da aprovação dos vereadores. A maior polêmica do ano no legislativo foi a aprovação, em fevereiro de 2021, do subsídio de R$ 5 milhões para repor perdas da Sogil com a pandemia e antecipar receita para manter o sistema até o fim do ano.
Sob aplauso de presidentes da Acigra, Ana Pereira, e do Sindilojas, José Rosa, Zaffa também agrada os parlamentares de sua base de governo, representados na coletiva pelo presidente da Câmara Alan Vieira (MDB) e o líder do governo Alison Silva (MDB), já que desarmaria a ‘pauta-bomba da Sogil’, como antecipei em ’Pauta-bomba da Sogil’: Zaffa anuncia redução nas tarifas em Gravataí; Royalties do petróleo ’tiram ônibus da sala’.
– Buscamos dinheiro novo, não vamos mexer no orçamento de outras áreas, como educação e saúde. E também optamos por não bancar o subsídio com mais impostos, como IPTU, ou taxando Área Azul e estacionamentos, ou mesmo criando um pedágio urbano, como se debate em Porto Alegre – explicou o prefeito, que espera criar um “ciclo virtuoso” para substituir um “ciclo vicioso”.
– Aumentar a tarifa reduz passageiros. Queremos baixar a passagem para aumentar o número de usuários. A queda chega a 8 a cada 10 – explicou, citando diminuição no número de passageiros de 611.748 em 2013 para 159.360 no 2020 da pandemia, com um custo por quilômetro que aumentou de R$ 4,80 para R$ 5,94, e uma tarifa técnica calculada de R$ 2,75 há oito anos para R$ 7,05 ano passado.
A principal justificativa do prefeito é que a redução subsidiada da tarifa ajuda ‘pobres, ricos e remediados’, já que impacta nos empresários, que custeiam hoje 60% das passagens, e também no usuário diário.
– A cidade avançada não é aquela em que os pobres andam de carro, mas aquela em que os ricos usam transporte público. Por que não sonhar com isso? – disse, parafraseando o urbanista Enrique Peñalosa, que como prefeito de Bogotá criou os BRTs, os populares “corredores de ônibus” que diminuíram tempo e custos no transporte coletivo urbano.
Zaffa projeta, com a tecnologia que a Prefeitura já tem, medir diariamente o custo passageiro com o novo sistema:
– Todo negócio tem risco. A concessionária precisa saber. Quero ter a menor passagem da região metropolitana. Hoje é Esteio: R$ 3,80. Faremos a conta dia a dia.
No planejamento para “pela primeira vez priorizar o transporte público”, palavras do secretário de Mobilidade, também são incluídas obras de mobilidade urbana, como a duplicação da ERS-030 e a revitalização da Av. Dorival de Oliveira com duas ciclovias, além de faixa exclusiva para ônibus, como mostra a apresentação feita por Adão de Castro, que também detalha a composição dos custos da tarifa, como a folha e o diesel, 65% mais caro em 12 meses; e você acessa clicando aqui.
Fato é que, até uma aprovação do PL 99 o transporte coletivo é a ‘pauta-bomba’ da Câmara e, em caso de aprovação, também no tapetão, já que a oposição ameaça recorrer judicialmente devido à falta de detalhamento e impacto financeiro.
– Vamos contratar uma perícia para investigar os cálculos – já adianta o vereador Cláudio Ávila (PSD), principal crítico ao subsídio.
Já Zaffa considera “criancice” dos oposicionistas, políticos ou críticos do Grande Tribunal das Rede Sociais, acusá-lo de pedir um “cheque em branco” para “dar dinheiro para a Sogil”.
– Como ‘cheque em branco’? Há inúmeros órgãos de controle, como Ministério Público e Tribunal de Contas. Pergunto: alguém fala em ‘dar’ R$ 50 milhões por ano para a Santa Casa? Não. É uma prestação de serviços. Assim como é o transporte coletivo, um direito constitucional – argumenta.
– Me chama de sincericída, não? Os números estão aí, mais uma vez disponíveis para toda comunidade. Ao menos que mintam melhor os que desinformam a população. Sonho toda noite que alguém vai chegar aqui na Prefeitura e me dar uma alternativa para não ter que subsidiar a tarifa – desafia, como antecipei em ’Espero alternativa para não dar subsídio’ para Sogil, diz Zaffa; Davi, Herodes Antipas e o cheque em branco.
Ao fim, eu também.
Por isso concluo da mesma forma que sábado em ’SUS do transporte público’ vai garantir tarifas mais baratas em Gravataí; Como Zaffa desarma a ’pauta-bomba’ da Sogil:
“…Reputo infantil, se não cruel reduzir a discussão ao ‘deixa aumentar a passagem que eu vou de uber’. Hoje quem sustenta o transporte é a periferia e seus usuários, não por opção, mas por obrigação. Ao menos até ser convencido do contrário, não vislumbro como manter o sistema, e tarifas pagáveis, sem subsídio público. Dos gorros de Papai Noel que os vereadores Cláudio Ávila, Bombeiro Batista e Anna Beatriz da Silva deixaram sobre suas mesas na última sessão da Câmara para ironizar Zaffa pelo subsídio à Sogil, ainda não saiu alternativa…”.
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