política

Renúncia de vereador antecipa rejeição de contas e inelegibilidade de Marco Alba por 8 anos; até parece mentira

Pedido de desligamento de comissão entrou na pauta desta terça na Câmara de Vereadores de Gravataí

Aos que me chamaram de intrigueiro ou teórico da conspiração, minutos atrás apareceu a prova de que o fogo amigo ameaça Marco Alba e, como vereadores só saem mortos da lista de candidatos à reeleição, como tratei em Como ’zap’ vazado influi na ameaça de inelegibilidade de Marco Alba; a vírgula incendiária, será aprovado o parecer do Tribunal de Contas do Estado que recomenda a rejeição da gestão de Gravataí em 2017, o que pode levar a uma inelegibilidade de oito anos do prefeito. Conto ao leitor o que apurei, apesar das sessões seguirem secretas, clandestinas, como tratei em Esconde esconde dos vereadores em Gravataí; Observatório Social cobra um ’recua Neri!’.

Antes, um pouco de contexto. Para derrubar o parecer Marco Alba precisa de 14 votos entre os 21 vereadores. É o tamanho de sua base de governo. Porém, a insegurança do apoio vem justamente de seu partido, devido às consequências da escolha de Luiz Zaffalon, favorito do prefeito, como candidato à Prefeitura, em detrimento de Jones Martins, que tinha apoio dos vereadores Alex Tavares, Clebes Mendes, Nadir Rocha e Paulinho da Farmácia.

Clebes, como revelei com exclusividade, na sessão seguinte à chegada do parecer, ao votar as contas de 2016, que tinham parece favorável, mesmo sem precisar usou seu espaço na sessão remota para anunciar que votava e sempre votaria “conforme o parecer do TCE”. Como as contas de 2017 chegam com recomendação de reprovação, assim deve ser o voto do vereador.

Já Nadir Rocha, em conversa com a presidente do partido Sônia Oliveira, teria ameaçado votar pela inelegibilidade de Marco caso a candidatura de Zaffa não fosse retirada, como contei em artigos como  Marco Alba sob chantagem; fogo amigo ameaça votação das contas de 2017 Jones e seus vereadores negam chantagem contra Marco Alba; ouça áudio e leia nota de repúdio. O prefeito bancou seu campeão, como tratei em Zaffa é lançado candidato a prefeito por Marco Alba e 85 por cento do diretório; Prefeito não cede a suposta chantagem e Zaffa é o candidato do governo Marco Alba à Prefeitura de Gravataí; o ’Grande Eleitor’ e o dia seguinte.

Aí chegamos ao dia de hoje. Na pauta da Câmara estava o memorando 817/2020, no qual Paulinho da Farmácia pede desligamento da Comissão de Finanças e Orçamento (CFO), a principal a dar parecer sobre a recomendação do TCE e que, ao menos até hoje, era 100% ‘governista’, completada por Airton Leal (MDB) e Paulo Silveira (PSB).

A primeira consequência da renúncia, que reputo menos provável e também menos impactante, é a oposição ocupar a vaga. Dimas Costa já pediu o espaço para o PSD, argumentando que, como o MDB já participa da CFO com Airton Leal (desde que ele deixou o PV e se filiou ao partido do prefeito), caberia a segunda maior bancada completar o trio de vereadores.

Como Alan Vieira solicitou compor a comissão em substituição ao colega de partido, deve levar, já que o Regimento Interno da Câmara não é peremptório ao garantir diferente partidos nas comissões. Diz o artigo 30 que “as Comissões são órgãos técnicos constituídos pelos próprios membros da Câmara, assegurando-se na sua constituição e composição, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos políticos que participam do Poder Legislativo”. Grifo o trecho que não garante, de forma definitiva, a proporcionalidade.

Para a oposição ganhar a parada, Nadir, ex-presidente do legislativo por quatro gestões e que é o líder da bancada, precisa manter a posição que manifestou durante a sessão de hoje, quando, supostamente para garantir o “princípio da proporcionalidade de bancadas”, disse estar o MDB “contemplado” com Airton Leal na comissão.

É que, se outro entre vírgulas reforça a tese, no artigo 36 (“nos casos de vaga, licença ou impedimento dos membros da Comissão, caberá ao Presidente da Câmara a designação do substituto, sempre que possível dentro da mesma legenda partidária, por indicação do respectivo líder”), a conclusão da mesma regra faculta ao líder da bancada indicar o substituto.

Caso Nadir confirme que não vai indicar Alan, abrindo caminho para o indicado do PSD, a lógica da política permite a projeção de que será destituído da liderança pelo mesmo diretório onde Zaffa venceu Jones com 70% dos votos. A decisão acontece na sessão de quinta.

Até parece mentira, mas a partir de 16 de novembro, dia seguinte à eleição quando os vídeos das sessões serão disponibilizados, a sessão sairá dos anais da Câmara para o alcance do eleitor que só acredita assistindo, ou ouvindo.

Fato é que a renúncia de Paulinho, e o comportamento de Nadir me parecem prova, muito mais que evidência, indício ou convicção, de que três vereadores do MDB seguirão o parecer do TCE, reprovarão as contas de 2017 e deixarão o prefeito inelegível.

Ao fim, Marco Alba já deve ter ligado para seu advogado para tratar de estratégias jurídicas presentes, como tentar barrar a votação, ou futuras, para reverter a inelegibilidade. Não precisa ter nascido aos nove anos na Vila Lourdes para concordar comigo que os 14 não deve ter.

 

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