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Resíduos sólidos – quem quer esta conta?

Depois de muita luta, finalmente, em 1997, o Brasil conseguiu organizar a política de saneamento, um debate que se arrastava já há mais de 10 anos em Brasília, e aprovar a lei 11.445 em 5 de janeiro.

Este processo não parou por aí pois, como desdobramento desta legislação, o Brasil avançou em um aspecto importante do tema saneamento, que é a política de resíduos sólidos.

Aprovada, a lei 12.305 de 2 de agosto é o regramento para que possamos nos organizar e dar destino adequado às milhares de toneladas destes sólidos que produzimos todos os dias como sociedade cada vez mais consumista na qual as embalagens se tornaram – em alguns casos – quase mais caras que o próprio conteúdo que está nelas.

Se não nos falta legislação para tratar do tema, por que continuamos gastando recursos financeiros aos milhões para enterrarmos os chamados, "lixos", transportando para grandes aterros sanitários?

Está claro na lei que somente pode ir para o aterro, o que restar do processo de separação, aquilo que  tenha passado por toda analise visando o aproveitamento, e não tenha mais condições de ser transformado novamente.

Será que as gestões municipais querem mesmo acabar com esta indústria do lixo?

Esta conta é uma das principais a serem pagas todos os meses pelos gestores. Desperdiçamos boa parte dos orçamentos municipais para dar destino 'não nobre' ao que é produzido por uma indústria despolitizada, visto a importância que dão para as embalagens desnecessárias.

Atualmente, no Vale do Gravataí, produzimos aproximadamente 1.000 toneladas de resíduos domésticos todos os dias. Não é por falta de lei, pois em um momento no qual enfrentamos tantos desmandos legais e imorais praticados pelos ditos poderes constituídos, seria querer demais que o produto descartado pelo sociedade fosse tratado de maneira diferente.

Olhemos para o sistema prisional que não consegue dar resposta aos produtos humanos criados pela própria sociedade e os descartam de maneira totalmente desumanas, em depósitos destituídos de qualquer princípio humanitário.

Observemos: o modelo de organização social está falido. Com esta mesma formula não é possível ter produtos novos, e o resultado termos que, todos os dias e cada vez mais, acreditar em sonhos.

Sonhos capazes de nos moverem para uma construção de um novo processo, com diferentes elementos e arranjos sociais inovadores.

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