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RETRÔ 2018 | Grandes operações no pós-guerra das facções

Gravataí e Cachoeirinha investiram pesado no monitoramento das ruas

De zona de guerra, considerada pelo Facebook até como área com risco de atentado, em 2017, onde uma pessoa foi assassinada a cada dois dias, Gravataí se tornou, em 2018, uma das cidades com maior queda nos índices de homicídios e latrocínios na Região Metropolitana. Até o final de novembro (a SSP/RS ainda não fechou os dados até o final do ano), 64 pessoas foram vítimas de homicídios e outras quatro, de latrocínio. Uma queda de 59,2% nos homicídios e de 50% nos latrocínios em relação ao mesmo período de 2017.

A tendência de 2018 foi a mesma em Cachoeirinha, onde o número de vítimas de homicídios caiu de 45 para 22 (menos 51,1%) até o fim de novembro, e, assim como no ano anterior, ocorreu um latrocínio.

 

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Entre as idas e vindas na balança de poder das facções criminosas, Gravataí e Cachoeirinha parecem ter saído do centro dessas disputas, mas não foi ao acaso. É possível atribuir as quedas nas mortes violentas ao investimento em policiamento nas ruas e, principalmente, reforço na investigação especializada nos homicídios. Desde o último trimestre de 2017, a Delegacia de Homicídios de Gravataí recebeu reforços de agentes especializados, vindos de Porto Alegre. Representaram o desafogo nos papeis, antes acumulados pela falta de gente que desse conta, e também maior capacidade de resolução de novos crimes. E quando a resposta, com investigação eficaz — e não somente polícia na rua para ser vista —, é rápida, a tendência é de que, quem comete os crimes saia das ruas.

Em Gravataí e Cachoeirinha, os investimentos municipais em segurança também foram a tônica de 2018, com instalação de câmeras e reforços nas guardas municipais. Os números também refletiram isso. Nas duas cidades, houve significativa queda nos roubos e roubos e veículos. Em Gravataí, houve queda de 27,3% nos índices de roubos nas ruas. Enquanto em Cachoeirinha a queda foi de 25,1%.

Mas, se 2018 representou o ano de queda daquela criminalidade mais visível e pesada nas ruas, a região, volta e meia, apareceu nas manchetes estaduais e nacionais no centro de investigações mais complexas e até nos chamados crimes do “colarinho branco”.

 

Crimes no "andar de cima"

 

Foi o caso da ex-secretária da Saúde de Gravataí, Joice de Oliveira Dornelles, denunciada pelo Ministério Público por sua participação na suposta fraude liderada pelo grupo Gamp na saúde municipal de Canoas. Segundo a investigação, ela teria cometido o crime de peculato dez vezes, em um desvio, conforme o levantamento do MP, de pelo menos R$ 500 mil em recursos do SUS, repassados a uma empresa criada por ela em Gravataí para consultorias na área da saúde, não comprovadas.

 

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A rota do “andar de cima” do tráfico de drogas também se mostrou bem articulada por aqui. Primeiro, em agosto, a Polícia Civil fez a maior apreensão de maconha do ano na cidade em um galpão no terreno onde fica a casa do vereador Mario Peres (PSDB), chegando à contagem de 720kg da droga que era, supostamente distribuída a partir dali para outros pontos na região. Até o fim do ano, a 2ª DP de Gravataí ainda apurava o suposto envolvimento do vereador com a droga.

Depois, uma apuração da Polícia Federal apontou, em duas coberturas de Cachoeirinha, o QG de uma quadrilha especializada no envio de grandes quantidades de cocaína para a Europa, e que chegou a criar uma espécie de banco paralelo para fazer o render os investimentos na droga. Conforme a investigação, a grana era lavada na abertura de diversas empresas na cidade, que iriam de butiques até construtora.

 

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Para 2019, a polícia tem como missão desvendar o mistério de um crime assustador, que teve seu desfecho em Gravataí. A menina Eduarda Herrera de Mello, de nove anos, raptada na zona norte de Porto Alegre, foi encontrada morta em outubro, às margens da RS-118, no Rio Gravataí. O caso é investigado em sigilo pelo Deca, que ainda não chegou a um suspeito.

Ao que tudo indica, a linha de atuação da área de segurança não terá muita diferença sob o governo Eduardo Leite (PSDB). Para a região, aliás, há até mesmo uma proximidade maior com o comando das ações desta pasta. É que a nova Chefe de Polícia — primeira mulher a ocupar este cargo — é a delegada Nadine Anflor. Ela começou sua trajetória reconhecida nacionalmente nas questões da defesa da mulher justamente em Gravataí. O comando da Brigada Militar seguirá tendo Mario Ikeda, que em 2017 garantiu o reforço de PMs para Gravataí durante a crise, à frente.

O novo secretário da Segurança a partir de 2019 também está longe de ser um novato na questão. O delegado Ranolfo Vieira Júnior, também vice-governador, acumulará os cargos. É o primeiro delegado da Polícia Civil a ocupar a pasta. E também já teve atuação na Região Metropolitana.

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